Prémio Femina atribuído a Simon Liberati

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Paris, 07 nov (Lusa) -- O prémio literário Femina foi atribuído a Simon Liberati pela obra "Jayne Mansfield 1967", editada pela Grasset, meditação sobre a estrela loura de Hollywood, lançada na década de 1950, a atriz que acabou a vida sem brilho aos 34 anos.

O jornalista e romancista francês Simon Liberati foi escolhido pelo júri por nove votos, enquanto a obra de Colette Fellous por "Un amour de frère" (editado pela Gallimard), obteve três.

O Prémio Femina para autor estrangeiro foi atribuído ao norte-americano Francisco Goldman, pelo livro "Dire son nom"/"Say her Name" (Christian Bourgois), uma obra no qual o protagonista procura ressuscitar a jovem esposa, que morrera afogada quatro anos antes, no México.

Esta obra será editada no primeiro semestre de 2012, em Portugal, pela Matéria-Prima Edições.

"Estou muito feliz e é uma grande honra para mim e para Aura", disse à agência France Presse Francisco Goldman, nascido em 1954 em Boston, filho de mãe guatemalteca e de pai judeu americano, aludindo à sua mulher, falecida no México.

O Femina de ensaio foi atribuído à francesa Laure Murat, por "L´Homme qui se prennait pour Napoléon" (editado pela Gallimard).

Simon Liberati reagiu à vitórioa no Femina declarando que "este prémio é mesmo para ela, para Jayne Mansfield". "Estou muito contente por ela", prosseguiu o escritor em declarações à agência France Presse, acrescentando "que [a atriz] foi de uma feminilidade muito contestada, muito caricaturada". "Que ela seja coroada por um júri de mulheres é algo que me toca bastante", acrescentou Liberati.

Nascido a 12 de maio de 1960, em Paris, Simon Liberati foi colaborador de revistas de moda, da FHM e da Grazia, depois de ter estudado na Sorbonne.

Publicou a primeira obra aos 44 anos, "Anthologie des apparitions", editada pela Flammarion, e o seu terceiro romance, "L´hyper Justine", venceu o prémio Café de Flore, em 2009.

Antes escrevera "Nada exist" (2007), cujo protagonista, um fotógrafo de moda, passava de celebridade a figura esquecida.

Questionado sobre se tem atração pelo declínio, o autor defende-se, alegando que não é a decadência de Jayne Mansfield que o atrai, mas a sua energia.

"Ela descobria sempre dinheiro para assegurar o seu estilo de vida. Fascinava-me desde os meus 17 anos", argumentou.

"Da vida da atriz não lembramos mais do que a sua morte", acrescentou sobre a estrela norte-americana.

Jayne Mansfield morreu num acidente de viação quando, na noite de 29 de junho de 1967, conduzia o seu carro na estrada 90 ente Beloxi e Nova Orleães. No acidente, o seu Buick colidiu de frente com um semi-reboque.

Longe de uma biografia de estrela, o escritor começa o romance por uma descrição clínica do acidente. Nas cerca de quarenta páginas iniciais o leitor apreende a identidade da condutora cujo crâneo é esmagado contra o para-brisas. Sob a sua escrira, a vedeta, que também era rival de Marilyn Monroe, ganha vida.

Com um quociente de inteligência (QI) de 163 e 1,07 metros de peito, Jayne Mansfield colecionou casamentos fracassados e cinco crianças de três homens diferentes, além de ter tido problemas com álcool, drogas e do foro psiquiátrico.

O começo da queda deu-se em 1966 quando começou a ser esquecida pelos estúdios.

"Despida do estatuto de estrela de cinema, tornou-se uma gigantesca atração à maneira de Lola Montès", escreveu Simon Liberati no seu romance sobre o crepúsculo de uma loura "travestida em pioneira do kitsch".

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