Jorge Pinto defende uma Europa que tome "decisões corajosas"
O deputado do Livre Jorge Pinto defendeu hoje uma Europa que tome "decisões corajosas", durante uma ação de campanha da sua candidatura a Presidente da República.
"Este tem de ser o momento europeu, este tem de ser o momento em que a Europa toma as decisões corajosas que precisa de tomar para fazer frente ao mundo do amanhã, um mundo onde temos líderes autoritários a tentar dividir e destruir o projeto europeu", afirmou, em declarações aos jornalistas, durante uma visita ao Mercado de Arroios, em Lisboa.
"Comigo isso não vai acontecer. Comigo Portugal vai ter uma voz autónoma dentro do projeto europeu", assegurou o fundador do Livre, confessando não estar "confortável com uma divisão do mundo e da Europa entre Vladimir Putin [presidente russo], de um lado, e Donald Trump [presidente norte-americano], do outro", nem com o regresso às "esferas de influência, onde os líderes autoritários podem fazer o que quiserem".
Questionado sobre as declarações que o primeiro-ministro fez hoje em Kiev, capital da Ucrânia, sobre um eventual envio de tropas portuguesas quando a guerra com a Rússia terminar, Jorge Pinto reagiu: "Finalmente Luís Montenegro foi a Kiev, onde já deveria ter ido há muito tempo. Era quase um embaraço para Portugal que Luís Montenegro fosse um dos poucos líderes europeus que ainda não tinha ido a Kiev."
Contente com "esse passo" do primeiro-ministro, o candidato presidencial vincou que a defesa da Ucrânia é "também a defesa da Europa e a defesa de Portugal".
Sobre o envio de tropas portuguesas em particular, Jorge Pinto afirmou-se "pacifista", aconselhando "parcimónia" na abordagem ao tema, ao mesmo tempo que reconhecendo "orgulho quando Portugal envia as suas tropas para missões de paz" internacionais.
"Se esse cenário se colocar, uma missão de paz, uma missão onde as tropas portuguesas estão num conjunto de tropas das Nações Unidas ao abrigo do direito internacional, muito bem, podemos ter essa discussão, mas ainda estamos longe disso, aquilo que é preciso neste momento é assegurar que damos as condições à Ucrânia para se continuar a defender, para se reconstruir", situou.
As decisões tomadas no Conselho Europeu desta semana em relação à Ucrânia são "ainda frágeis [e] se calhar não ao nível daquilo que era necessário", mas não deixam de ser "uma notícia boa" e "um passo em frente".
"A notícia má é que se calhar não fomos ambiciosos o suficiente", reconheceu, defendendo que os fundos soberanos russos possam ser utilizados na reconstrução da Ucrânia.
Jorge Pinto comentou ainda a divulgação da lista de clientes do candidato às eleições presidenciais apoiado pelo PSD, considerando que "Luís Marques Mendes fez o mínimo exigido".
"Espero bem é que (...) tudo aquilo que foi divulgado seja a informação completa e para que de hoje a amanhã não venhamos a ser surpreendidos com outra notícia, seja em relação a Marques Mendes ou a qualquer outro candidato", sublinhou.
No Mercado de Arroios, uma das freguesias mais multiculturais do país, Jorge Pinto contestou o "discurso tóxico" e "agressivo, de exclusão contra aqueles que nos honram ao querer viver" em Portugal.
Aproveitando para fazer algumas compras de Natal, entre as quais uma papoila em tecido, símbolo do Livre, ainda que certo de que ouvirá críticas dos companheiros de partido a propósito das suas cinco folhas (quando só tem quatro), Jorge Pinto assinalou que "o bom acolhimento, dar ferramentas às pessoas para elas serem bem acolhidas, é a melhor política de integração", destacando ainda o Fundão, que visitou na sexta-feira, como outro dos "bons exemplos" na integração de pessoas migrantes.
Onze das 14 candidaturas presidenciais entregues no Tribunal Constitucional foram já admitidas, com Joana Amaral Dias, José Cardoso e Ricardo Sousa a serem notificados para corrigirem irregularidades.
Estão já "em condições de serem admitidas" as candidaturas de Gouveia e Melo, Marques Mendes, António Filipe, Catarina Martins, António José Seguro, Humberto Correia, André Pestana, Jorge Pinto, Cotrim Figueiredo, André Ventura e Manuel João Vieira.
As eleições presidenciais para o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa realizam-se no dia 18 de janeiro.