Marques Mendes "é o candidato de Montenegro" e Gouveia e Melo tem "erros atrás de erros"
André Ventura, em entrevista ao podcast da Antena 1 “Política com Assinatura”, garante que o Chega terá uma palavra a dizer nas presidenciais.
Nesta entrevista não poupa o atual presidente da República e diz que Marcelo Rebelo de Sousa “é também um mestre da intriga, mas quando quer consegue ser uma pessoa mobilizadora, Marques Mendes nem essa capacidade tem”, conclui.
O líder do Chega critica também Gouveia e Melo por estar ladeado por Rui Rio, que acusa de quase ter destruído o PSD, e por Isaltino Morais a quem associa à corrupção.
Diz do Almirante que “têm sido erros atrás de erros e eu acho isso um mau sinal”, sem, contudo, admitir desilusão: “vamos ver”.
André Ventura ainda não tomou uma decisão sobre as eleições para a Presidência da República. Por agora, ele próprio diz-se candidato a primeiro-ministro e não candidato a Belém.
No entanto, avança: “nós vamos ter uma palavra a dizer sobre as Presidenciais. Não vamos ficar fora da luta presidencial”. André Ventura, que prepara já um Governo sombra, não faz previsões sobre a estabilidade do Executivo de Luís Montenegro.
O líder da oposição não arrisca prognósticos porque, diz, o primeiro-ministro é o mesmo e mantém-se por esclarecer o envolvimento na empresa familiar Spinumviva, que, entretanto, está a ser investigada pelo Ministério Público.
“Este caso está na Justiça e está a ser investigado pela Justiça. Eu diria que pode haver aqui ligações que venham a influir no tempo político”, acrescenta. Na opinião do líder do Chega não existe a judicialização da política. “Eu não acho que haja um conluio de magistrados e de polícias para derrubar Governos” e defende que, em Portugal, o que se tem registado é “fruto de investigações que estavam em curso, caíram Governos”.
“A Justiça perdeu e, na minha opinião, ainda devia perder mais o medo de enfrentar a corrupção no sistema político”. E diz mesmo que a antiga equipa do Ministério Público não quis derrubar António Costa. “Não tenho pressa, mas ao mesmo tempo sinto que é importante para o país haver um Governo sombra”. André Ventura garante que já tem ministros e ministras para integrarem esse Executivo, que vai apresentar ainda antes de o Parlamento suspender a sessão legislativa para as férias de verão.
Assegura que não está a ter dificuldade em recrutar, mas que quer ter a certeza que reúne pessoas que passem no escrutínio nacional. “É uma falta de vergonha absoluta” - a crítica de André Ventura a José Luís Carneiro pela forma como geriu a questão da imigração quando era ministro da Administração Interna de António Costa.
Ventura reconhece que há áreas da economia que precisam de mão-de-obra imigrante, e garante que não é contra a imigração, “sou contra excessos e desregulação”. “O Chega vai continuar a bater-se por uma redução da imigração islâmica na Europa e em Portugal”. O aviso de André Ventura para quem a presença do sheik Munir nas celebrações do 10 de Junho foi um erro.
André Ventura garante que não aplaudiu os insultos ao sheik Munir, mas, sem querer diferenciar a comunidade islâmica residente em Portugal há décadas, diz que, nos tempos de hoje, a presença de David Munir na cerimónia de homenagem aos antigos combatentes merece a critica do Chega.
Sobre o reagrupamento familiar dos imigrantes, o líder do Chega considera que é uma estupidez e uma bandalheira. Sobre a violência, André Ventura não considera que promova um discurso de ódio. Prefere congratular-se por ter acabado em Portugal com o discurso politicamente correto.
E exemplifica com o caso de um polícia esfaqueado, na terça-feira em Loures.
“Eu vou ficar à espera, e, se calhar vou ficar à espera sentado, que um comunicado no Palácio de Belém, a uma certa hora, diga assim: o Presidente da República lamenta e condena veementemente este ataque contra um polícia”, ironiza. Para esta quarta-feira à tarde, após o debate do Programa do Governo, está agendada uma reunião entre o Executivo e os partidos sobre “questões estruturais da governação em matéria de Defesa”.
André Ventura adianta que o Governo conta com o Chega, porque nesta área o primeiro-ministro “tem que ter aqui um certo conforto político de saber que há questões que são inadiáveis, e a Defesa é uma delas”. “Vai haver alterações na liderança da bancada parlamentar”, adianta André Ventura. Alterações que serão divulgadas nos próximos dias.
Quanto a Pedro Pinto, líder do Grupo Parlamentar e apontado como candidato à Câmara de Faro, Ventura assume que ainda não tomou uma decisão. Não foi um milagre, foi mesmo uma conjuntura política internacional, mas acima de tudo nacional. É a leitura de André Ventura do crescimento do Chega em Portugal.
Para o líder do partido a sucessão de eleições nos últimos anos está na base da progressão do Chega. O presidente do Chega analisa o conflito entre Israel e o Irão. Sobre a possibilidade de o Irão estar a desenvolver um arsenal nuclear, André Ventura defende que a Europa e Portugal tudo devem fazer para impedir que o Irão tenha armas nucleares.
“O Irão deve ser parado” e acrescenta que aquele país ter armamento nuclear não se compara ao facto de outros países, como os Estados Unidos e a Coreia do Norte, terem, também eles, esse tipo de armas. “Não sou um cristão perfeito” admite André Ventura que nesta entrevista assume também que na noite eleitoral foi infeliz quando disse “não vou ouvir Deus, não vou parar até ser primeiro-ministro".
Admite que, naquela noite, teve alguma sobranceria. Entrevista conduzida pela editora de Política da Antena 1, Natália Carvalho.