Centeno compromete-se com "plano B" para eventual derrapagem

por Ana Sanlez - RTP
Yves Herman, Reuters

O Governo português comprometeu-se no Eurogrupo a preparar “um ambicioso plano de reformas adicionais”. As autoridades europeias querem que o país esteja preparado para implementar medidas extraordinárias “caso seja necessário”, ou seja, caso se comprove que o país corre o risco de não cumprir as metas orçamentais.

O Eurogrupo esteve reunido em Bruxelas para discutir o Orçamento português para 2016. No final, os ministros da Finanças da zona euro corroboraram, em comunicado, a opinião emitida na semana passada pela Comissão Europeia.Mário Centeno:

"Em linha com a opinião da Comissão Europeia (...) as medidas serão preparadas para serem tomadas quando forem necessárias, estando nós conscientes de que um cumprimento daquilo que é o Orçamento do Estado não necessitará dessas medidas".

“Notamos que, de acordo com a opinião da Comissão, a primeira versão do Orçamento português continha um desvio significativo face ao caminho de ajustamento necessário para alcançar os objetivos orçamentais de médio prazo. 

Felicitamos o conjunto de medidas adicionais anunciadas publicamente pelas autoridades portuguesas a 5 de fevereiro

Mesmo tendo em conta as medidas adicionais, o orçamento ainda contém riscos de incumprimento face às exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento. O cenário macroeconómico do esboço orçamental é mais optimista do que as previsões de inverno da Comissão. 

Neste contexto, o Eurogrupo felicita o compromisso assumido pelas autoridades portuguesas no sentido de preparar medidas adicionais que poderão ser implementadas, caso seja necessário, para assegurar que o Orçamento de 2016 cumprirá o Pacto de Estabilidade e Crescimento“, lê-se no comunicado emitido pelos ministros das Finanças da moeda única.
Os riscos "não desapareceram"
Questionado sobre medidas concretas pedidas por Bruxelas ao Governo português, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, sublinhou que o Eurogrupo "não diz aos colegas que medidas tomar”. Dijsselbloem mostrou-se no entanto “satisfeito” por observar o compromisso assumido pelo Executivo de António Costa.

A mesma opinião foi partilhada pelo Comissário Europeu para os Assuntos Económicos. Pierre Moscovici congratulou o Governo português pelo compromisso assumido, mas deixou o aviso: os riscos de o Orçamento violar as regras comunitárias “não desapareceram”, apenas foi eliminado o “risco grave”. Portugal tem interesse em “tranquilizar os investidores”, rematou Moscovici.


Medidas "não serão necessárias"
À saída da reunião, Mário Centeno confirmou que vai preparar as medidas adicionais, com a convicção de que não serão necessárias. 

"Em linha com a opinião da Comissão Europeia, aquilo que o Eurogrupo pede ao Governo português é para estar preparado para adotar novas medidas quando elas forem necessárias. As medidas serão preparadas para serem tomadas quando forem necessárias, estando nós conscientes de que um cumprimento daquilo que é o Orçamento do Estado não necessitará dessas medidas", declarou o ministro das Finanças.
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