Japão: excesso de trabalho põe em risco a vida de um em cada cinco

por RTP
Toru Hanai, Reuters

Um estudo encomendado pelo Governo japonês concluiu que um em cada cinco trabalhadores corre risco de vida causado pelo excesso de trabalho. O suicídio recente da empregada de uma agência de publicidade foi a ponta do iceberg, que chamou a atenção para o problema.

Matsuri Takahashi, de 24 nos, suicidou-se em dezembro do ano passado mas só em 30 de setembro deste ano uma investigação ordenada pela inspecção do trabalho concluiu que o facto se devia ao excesso de trabalho.

Segundo o diário japonês Yomiuri Shimbun, a jovem começara a trabalhar na agência de publicidade em abril, passara para a publicidade na internet em junho e obtivera um contrato efectivo em outubro. Desde então estava a fazer cerca de 70 horas extraordinárias por mês, e num caso 105 horas - muito para além do máximo legal permitido.

Quando um dos patrões lhe disse que 20 horas desse excedente eram inúteis para a empresa, ela entrou em depressão e começou a manifestar no twitter a intenção de suicidar-se. Acabou por fazê-lo em 25 de dezembro, saltando de um dormitório da empresa. A família pediu que fosse reconhecido um fundamento laboral para a morte, suscitando a investigação.

O estudo encomendado pelo Governo japonês, e citado pelo diário britânico Guardian conclui que todos os anos se estabelece com bastante certeza a ocorrência de centenas de mortes causadas por excesso de trabalho no Japão.

O Governo chefiado por Shinzo Abe mandou elaborar um "livro branco" a este respeito e, no relatório adoptado esta sexta feira em conselho de ministros constata-se que 22.7% das empresas inquiridas entre dezembro de 2015 e Janeiro de 2016 os seus trabalhadores faziam habitualmente mais de 80 horas extraordinárias por mês - o limiar a partir do qual as autoridades sanitárias consideram iminente o perigo de morte por excesso de trabalho.

A média de horas extraordinárias no Japão é muito mais elevada  do que em vários outros países tomados como referência para a s 49 horas extraordinárias por semana:  21.3% no Japão, contra 16.4% nos EUA, 12,5 % na Grã-Bretanha e 10.4% em França.
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