Costa volta a reunir-se com Passos e Portas

por Cristina Sambado - RTP
A primeira reunião entre a coligação Portugal à Frente e o PS decorreu na passada sexta-feira na sede do PSD Mário Cruz - Lusa

A coligação Portugal à Frente e o PS voltam a encontrar-se esta terça-feira para tentarem chegar a um acordo, tendo por base um documento, apresentado pelo PSD e pelo CDS-PP, que procura satisfazer as exigências apresentadas pelos socialistas. A reunião está agendada para as 18h00 no Rato.

O “Documento facilitador de um compromisso entre a Coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista para a governabilidade de Portugal” foi enviado ao PS pelo PSD e CDS-PP ao início da tarde de segunda-feira.

As propostas não foram divulgadas, mas tiveram por base o programa eleitoral dos socialistas. E poderão incluir, entre outas matérias, a reposição mais rápida dos salários e o fim da sobretaxa do IRS.

Segundo a coligação Portugal à Frente, o documento dá seguimento ao que ficou acordado entre os três partidos na reunião de três horas que decorreu na passada sexta-feira, na sede do PSD.

Para Manuel Caldeira Cabral, que ajudou a preparar o programa económico do PS, o documento enviado pela Coligação Portugal à Frente “é positivo” e “pode ser uma porta aberta para as negociações”.

“Há uma evolução da posição da coligação. O documento ainda está em análise, mas o que saúdo neste momento, e que espero que seja o espírito da reunião de hoje, é que haja de facto um espírito construtivo de encontrar soluções”, afirmou Manuel Caldeira Cabral ao jornalista Nuno Rodrigues, da Antena 1. Opiniões divergentes
No final do primeiro encontro as opiniões de Pedro Passos Coelho e de António Costa foram divergentes. O líder socialista qualificou a reunião como “bastante inconclusiva” e o presidente social-democrata declarou que esperava que fosse o PS a “apresentar propostas concretas”.

“Nós esperávamos que fosse o PS a apresentar propostas concretas mas, como isso não aconteceu, PSD e CDS-PP vão fazer um exercício um bocadinho mais atrevido de tentar selecionar as propostas do PS para debater num próximo encontro”, afirmou Passos Coelho.

O líder da PàF acrescentou que “os sociais-democratas e centristas estão dispostos a acolher propostas do PS, seja em termos de composição do Governo ou de formação do Governo, seja relativamente à Assembleia da República, seja relativamente ao Programa do Governo ou ao Orçamento”.

“Nós não recusamos nenhuma solução. Essa questão não nos foi colocada, mas nós não recusamos qualquer solução. Não estamos nesta altura a recusar nenhuma solução”, acrescentou.

Já o líder socialista, que foi o primeiro a prestar declarações aos jornalistas, considerou que a “reunião foi bastante inconclusiva”.

“Foi uma reunião em que não possível trabalhar aprofundadamente sobre qualquer proposta. Está previsto que, nos próximos dias, essa proposta nos seja apresentada e que, porventura, possamos voltar a encontrar-nos já para poder discutir uma proposta que venha a ser apesentada pela Coligação Portugal à Frente”, acrescentou.

Mais tarde, António Costa afirmou que as propostas não precisam de ser atrevidas, basta apresentarem boa-fé.

“Ainda bem que a PàF percebeu que tem de propor alguma coisa e não é preciso ser muito atrevido, basta propor. E nós analisaremos as propostas com a mesma boa-fé com que temos estado a trabalhar e a fazer este diálogo com todos”, frisou.
"Governo estável, credível e consistente"
O secretário-geral do PS foi ontem recebido pelo Presidente da República em Belém. No final do encontro, António Costa adiantou que “espera ter até ao final da semana uma avaliação final” do trabalho que está a realizar com as forças políticas para a criação de um “governo estável, credível e consistente”.

“Ninguém tendo maioria, todos temos que ter a humildade de ter um esforço de aproximações às posições políticas de uns e outros. Tenho encontrado, felizmente, por parte de várias forças políticas uma clara distinção daquilo que é a posição do seu programa partidário, daquilo que são as condições mínimas que consideram ser necessárias para viabilizar um Governo e não vi nenhuma delas que não correspondesse às preocupações manifestadas publicamente pelo Presidente da República”, afirmou António Costa no final de uma reunião de duas horas que manteve com Cavaco Silva.

Segundo o líder socialista, “todos temos estado a trabalhar não no programa de cada um dos partidos – cada um tem a sua própria autonomia e expressa aquilo que é a posição de cada um dos partidos – mas, a trabalhar naquilo que importa, trabalhar na plataforma de um Governo”.

“Um Governo de quatro anos que dê tradução política àquilo que é a vontade da esmagadora maioria dos portugueses expressa de uma forma muito clara nas eleições de que haja mudança de políticas”, frisou.

António Costa rejeita, para já, retirar conclusões sobre os encontros que tem mantido com os partidos com assento parlamentar e não quis igualmente revelar com que impressão ficou depois da reunião com Cavaco Silva.

“Não sou médico, nem enfermeiro para poder medir o pulso ao senhor Presidente da República e não vou avaliar posições do Presidente da República”, afirmou.
Reuniões com PCP e “Os Verdes”
Além da reunião que manteve na passada sexta-feira com a PàF, António Costa manteve, ao longo dos últimos dias, encontros com o Bloco de Esquerda, PCP, “Os Verdes” e PAN.

Três dias após as eleições legislativas, o secretário-geral do PS deslocou-se à sede do PCP onde manteve uma reunião, de uma hora e um quarto, com Jerónimo de Sousa. No final, António Costa afirmou que a conversa não incidiu sobre modelos institucionais, nem sobre matérias em que os dois partidos estão há muito em divergência.

“Não tratamos de formas de governo, mas de políticas. Era preciso apurar o que, além da divergência havia de convergência. Não estivemos a trabalhar sobre o que nos divide, mas a trabalhar em torno de perspetivas comuns e atuações prioritárias que correspondem à vontade dos cidadãos para que haja uma alteração política em Portugal”, afirmou António Costa.

O secretário-geral do PS afirmou que “não pretende esmiuçar o que separa comunistas e socialistas” até “porque as divergências são por demais conhecidas”.

Na sexta-feira, além da reunião que manteve com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, o líder socialista manteve um encontro, de mais de uma hora, com o Partido Ecologista “Os Verdes” que classificou como “muito produtivo”.
Bloco e PAN
Ontem, antes de se deslocar a Belém, António Costa esteve reunido com o Bloco de Esquerda e com o partido Pessoas-Animais-Natureza.

Há saída do encontro com os dirigentes do Bloco, o secretário-geral socialista considerou a reunião, que durou quase duas horas, “muito interessante”, frisando que foi possível identificar um conjunto de pontos de “convergência”.

“Tivemos com o Bloco de Esquerda uma reunião muito interessante, onde foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergência entre os dois partidos. Quanto às divergências, elas são públicas e não faz sentido debatê-las. O que faz sentido é trabalhar no novo quadro parlamentar para que o país possa ter um Governo estável que corresponda à vontade popular no sentido que exista uma alteração política no respeito escrupuloso pelo quadro constitucional”, declarou.

Segundo António Costa, “há um objetivo que é comum: a recuperação dos rendimentos das famílias portuguesas, em particular as que têm baixos rendimentos. Há formas diversas de procurar alcançar este objetivo. No quadro das reuniões que se vão seguir, verificou-se que há margem para prosseguir, aproximar posições e reduzir divergências”, rematou António Costa.

Quanto à reunião, de 40 minutos, que manteve com o PAN, o líder do PS afirmou que foi um encontro “muito interessante”.

“Uma reunião muito interessante. O PAN teve oportunidade de nos entregar um extenso documento sobre as suas posições políticas e aquilo que consideram matéria prioritária e matéria temática a desenvolver ao longo da legislatura”, rematou.
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