150 anos após fim da escravatura nos EUA, ainda há 35,8 milhões de escravizados no mundo

por Lusa

Os 150 anos da ratificação da abolição da escravatura nos Estados Unidos, em 1865, assinalam-se hoje, mas segundo uma organização não-governamental atualmente o número de escravos no mundo é de 35,8 milhões.

Os Estados Unidos recordam hoje a ratificação da abolição da escravidão no país, que ocorreu a 06 de dezembro de 1865, num processo que se iniciou em 1863 com a apresentação da 13.ª Emenda Constitucional pelo Presidente Abraham Lincoln durante a Guerra Civil norte-americana (1860-1865).

Entretanto, ainda hoje existe escravidão em vários pontos do globo, seja em países em desenvolvimento ou desenvolvidos, de acordo com os dados recolhidos num relatório de novembro de 2014 da organização não-governamental australiana Walk Free Foundation, que aponta para 35,8 milhões de pessoas escravizadas no mundo.

A ONG australiana estimou que em 2013 havia 29 milhões de escravos modernos em todo o mundo, apresentando um Índice Global da Escravatura, enquanto em 2014 esse número subiu para 35,8 milhões, sobretudo pela melhoria na metodologia e recolha de dados e pela apresentação de casos de escravatura até agora escondidos.

De acordo com a ONG, Índia, China, Paquistão, Uzbequistão e Rússia concentram 61% do total de escravos estimados no mundo e o pior país em termos de prevalência da escravatura foi, tanto em 2013 como 2014, a Mauritânia, com quatro por cento da população em situação de escravidão (155.600 pessoas), ocupando a primeira posição do índice da ONG.

Em termos absolutos, a Índia surge em primeiro lugar com 14,3 milhões de vítimas de escravidão (1,141% da população escravizada), segundo o ranking.

A escravatura moderna implica o controlo ou posse de uma pessoa, tirando-lhe a liberdade individual com a intenção de exploração e isso inclui o tráfico de pessoas (para transporte de droga, para posterior exploração sexual, etc..) e o trabalho forçado.

No Índice Global da Escravatura de 2014 da ONG australiana, os Estados Unidos ocupam o 145.º lugar do ranking (0.019% de população escrava) entre os 167 países avaliados.

A Islândia apresenta os melhores resultados, ficando no último lugar da tabela, em 167.º (0,007%).

A região da Ásia/Pacífico apresentou números assustadores em 2014, de acordo com a ONG, dado que quase dois terços da população escravizada estão nesta parte do globo.

Mesmo sendo a região do mundo com o mais baixo índice de escravatura (1,6%), a Europa continua a ter mais de meio milhão de escravos, sendo que a maioria é para exploração laboral e sexual.

Portugal está no 157.º lugar (0.013%) da lista.

O Brasil - que aboliu a escravatura a 13 de maio de 1888, um dos últimos do mundo a terminar com este tipo de exploração -- teve uma avaliação positiva do relatório da Walk Free Foundation (143.º- 0,078%), apresentando melhorias neste campo.

De acordo com os dados recentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), há cerca de 21 milhões de vítimas de trabalho forçado no mundo.

Em outubro de 2015, a OIT lançou uma campanha global para combater as formas modernas de escravatura. O projeto "50 for Freedom" (50 pela Liberdade) procura levar pelo menos 50 países a ratificarem, até 2018, o protocolo da OIT sobre trabalho forçado.

Este protocolo foi adotado pelos países-membros da agência da ONU em 2014 e inclui medidas para a prevenção, proteção e indemnização das vítimas, com o principal objetivo de eliminar a escravatura moderna.

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