Bomba H da Coreia do Norte considerada improvável

por Graça Andrade Ramos - RTP
Ko Yun-hwa, administrador da Administração Geológica sul-coreana aponta o local a partir do qual foram registadas ondas de choque, na manhã de 6 de janeiro. KCNA/ Reuters

O anúncio de Pyongyang, esta quarta-feira, de que conseguiu detonar uma versão miniatura de uma bomba de hidrogénio está a ser recebido com algum ceticismo por analistas e membros dos serviços de informação.

O ensaio provocou uma explosão equivalente a seis quilotoneladas, aproximadamente o equivalente ao último teste nuclear efetuado em fevereiro de 2013 e que equivaleu a cerca de seis ou sete toneladas de TNT. Uma potência muito abaixo da de uma verdadeira bomba H.

"Dada a escala (da explosão) é difícil de acreditar que se tratou de uma verdadeira bomba de hidrogénio", afirmou Yang Uk, um analista sénior do Fórum de Segurança e Defesa da Coreia.

"Podem ter testado alguma forma de um engenho misto, a meio caminho entre uma bomba A e uma bomba H, mas a não ser que eles produzam alguma prova clara, é difícil confiar na sua reivindicação".
Não é uma "verdadeira" bomba H
Um especialista nuclear e presidente da organização de segurança global Ploughshares Fund, Joe Cirincione, admite que o regime norte-coreano tenha misturado um isótopo de hidrogénio numa bomba normal de fissão nuclear.

"Porque é, de facto, hidrogénio, eles poderão afirmar que se trata de uma bomba de hidrogénio", afirma Cirincione citado pela agência Reuters. "Mas não é uma verdadeira bomba de fusão capaz de produzir as explosões massivas de muitas megatoneladas deste tipo de bombas".

O gabinete de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, o USGS, registou esta manhã um sismo de magnitude 5.1 da Coreia do Norte, num local identificado pela Coreia do Sul como a 49 quilómetros do local de testes de Punggye-ri, onde Pyongyang realizou ensaios nucleares no passado. O teste de 2013 também registou um sismo de 5.1 no USGC.

Apesar da pressão internacional, o regime norte-coreano garante que irá prosseguir com o seu programa nuclear, enquanto os Estados Unidos mantiverem aquilo que classifica como "posição de agressão".

O anúncio da Coreia do Norte fez soar campainhas de alarme em toda região nordeste da Ásia Foto: Reuters
Equipar mísseis
A confirmar-se a reivindicação norte-coreana, abre-se uma nova frente de preocupação, já que um tal engenho pode ser incluído em mísseis, colocando em teoria os Estados Unidos ao alcance de um ataque nuclear.

A possibilidade não pode ser confirmada de forma independente e a maioria dos especialistas não acredita que Pyongyang possua tecnologia de mísseis capaz de atingir de forma confiável o território continental dos Estados Unidos.

Washington já disse que está a estudar uma "resposta adequada" à provocação e que irá defender os seus aliados na região.

Tanto a Coreia do Sul como o Japão reagiram com firmeza, condenando o ensaio. O resto do mundo promete uma resposta "robusta" à "provocação" norte-coreana.
Radiações normais
Para o Japão, esta é uma "ameaça séria" à segurança nacional que não será tolerada.

Já Seul garante que irá trabalhar com a comunidade internacional para garantir que "a Coreia do Norte pague um preço considerável" por este quarto teste nuclear. O Presidente sul-coreano, Park Geun-Hye, admite fortes sanções internacionais.

União Europeia e Rússia condenaram a "violação" das leis internacionais e das resoluções da ONU e até o aliado tradicional da Coreia do Norte, a China, condenou o teste e apelou a Pyongyang para que não agrave as tensões na Península Coreana.

Tanto a China como o Japão efetuaram medições de radiação, para aferirem o impacto da explosão da bomba e Pequim mandou evacuar as regiões fronteiriças com a Coreia do Norte, por precaução.

A meio da manhã o Japão afirmou que as sua medições não detetaram quaisquer níveis anómalos de radiação.
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