Frelimo acusa Renamo de "simular" ataque contra comitiva de Dhlakama

por Lusa

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considerou hoje uma "simulação" da Renamo, principal partido de oposição, o ataque de sábado contra a comitiva do seu líder, Afonso Dhlakama, acusando o movimento de procurar pretexto para uma guerra.

"O senhor [Afonso] Dhlakama, durante todo este tempo, ficou à espera de pretexto para voltar à guerra e como esse pretexto nunca chega, mesmo com os atos de provocação às autoridades, agora é ele mesmo que inventa o pretexto com a simulação de um ataque", acusou o porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Damião José, em conferência de imprensa.

Segundo Damião José, "haverá alguma dúvida de que o simulado ataque, em Manica, é mesmo obra de um malandro como o senhor Afonso Dhlakama?".

O porta-voz da Renamo referiu-se ao facto de o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) ter inicialmente imputado a autoria do ataque à Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e mais tarde admitido que não podia ser preciso em relação à proveniência dos disparos, acusando vagamente a Frelimo.

"O senhor Dhlakama não precisa de todo este teatro para trazer ao de cima a sua postura belicista. Ela é-lhe intrínseca e o povo moçambicano sabe que a única coisa que ele sabe fazer é a guerra, é a destruição de bens e a morte de cidadãos", acusou ainda Damião José, referindo-se à guerra de 16 anos entre o movimento e o Governo da Frelimo, que terminou em 1992.

Questionado sobre a existência de provas de que carros da caravana da Renamo foram atingidos a tiro, o porta-voz da Frelimo retomou uma versão avançada pela polícia em Manica no domingo, alegando que terá sido ouvida uma explosão de uma roda de uma das viaturas da caravana e uma colisão entre viaturas da delegação, que supostamente precipitaram uma reação dos homens armados do movimento.

O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.

A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança moçambicanas.

Mais tarde, Dhlakama atribuiu à Frelimo a "emboscada planificada" de que foi alvo, afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada".

"Sou general e militar, aquilo foi uma emboscada planificada", afirmou em conferência de imprensa o presidente da Renamo sobre o ataque ocorrido ao início da noite de sábado na província de Manica.

"Foi a Frelimo", declarou Dhlakama aos jornalistas na cidade de Chimoio, capital de Manica, onde chegou mais de quatro horas após o ataque, que resultou em pelo menos sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro entre os presumíveis atacantes.

A polícia moçambicana negou a autoria da emboscada no ataque, atribuindo-o a um grupo de desconhecidos.

"Quem disparou não consigo descortinar", afirmou, em declarações à Lusa, Armando Mude, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, sobre o ataque contra a coluna de viaturas em que seguia o líder do principal partido da oposição, no centro do país.

"A informação que tenho é da existência, às 19:30, de um tiroteio, um pouco depois do cruzamento de Tete. Eu não consigo chegar lá, porque trata-se de uma caravana de homens armados [da Renamo], com um efetivo de cerca de 40 a 50 homens", declarou Armando Mude.

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

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