Inovação aberta à comunidade resolve problemas da NASA

por Sandra Salvado, Pedro A. Pina - RTP
Às vezes, as respostas aos problemas mais difíceis da agência espacial podem vir de pessoas que não têm qualquer experiência em viagens espaciais Foto: Reuters/ NASA

É uma solução rápida, barata e eficaz encontrada por muitas empresas. A abordagem é projetada no público que ajuda a resolver problemas, cria novos produtos, conteúdos ou soluções para a agência espacial norte-americana. As respostas podem vir de pessoas que não têm qualquer experiência em voos espaciais. É o chamado crowdsourcing. A NASA utiliza este método há seis anos e tem tido ótimos resultados.

Jeffrey Davis, diretor do departamento de saúde humana e desempenho da NASA, lidera uma equipa com uma carga especial, já que tem a tarefa de resolver as questões de saúde humana no espaço.

Em entrevista ao site da RTP, Jeffrey Davis disse que a equipa tem de lidar com diferentes problemas de saúde, relacionados com a longa duração do voo espacial, desde a perda de massa óssea, deterioração muscular ou mesmo a conservação de alimentos.

Este responsável esteve em Portugal a participar numa das mais importantes conferências mundiais sobre inovação aberta e de utilizadores, que este ano foi organizada pela Católica-Lisbon.

“Este evento foi muito valioso para a comunidade de utentes de inovação aberta. Realiza-se há vários anos, alternando entre os EUA e a Europa. A conferência permite às pessoas trocar novas ideias e beneficiar dos conhecimentos uns dos outros”.

Através deste centro de excelência de inovação "em colaboração, trabalhamos com outras agências públicas dos EUA para analisar desafios que podem enfrentar, e para ver se uma competição aberta é mais positiva para eles. Essa é uma das áreas em que prestamos ajuda”, disse ao site da RTP Jeffrey Davis.

“Até agora temos feito inovação aberta, colocando um problema à comunidade externa. Por exemplo, fizemos uma pergunta sobre como conservar alimentos durante cinco anos (...) e fazemos isso periodicamente quando precisamos de ideias novas.
Soluções nem sempre fáceis
Para alguns problemas, a equipa da NASA tem as respostas ou, pelo menos, sabe onde encontrá-las. Mas já por diversas vezes este responsável admitiu que as soluções nem sempre são fáceis, especialmente em tempos de austeridade orçamental.

Daí que Jeffrey Davis tenha, nos últimos seis anos, ajudado a implementar uma cultura de inovação aberta em toda a agência espacial.

”Trabalhamos nisso há seis anos e obtivemos resultados muito bons, usando a inovação aberta e o crowdsourcing”.

“Pedimos às pessoas que nos dessem ideias novas que levámos em consideração para desenvolvimento futuro. Trabalhamos nisto desde 2009 e continuamos ainda hoje”.
"Respostas podem vir de pessoas que não têm experiência"
Às vezes, as respostas aos problemas mais difíceis da agência espacial podem vir de pessoas que não têm qualquer experiência em viagens espaciais. A inovação aberta permitiu abrir os problemas ao público e construir uma estrutura para resolução de problemas.

Um dos desafios que a NASA lançou recentemente foi um concurso de ideias sobre como ajudar a conservar os alimentos durante vários anos no espaço. A melhor ideia veio de uma pessoa completamente fora da indústria de alimentos, que sugeriu que o grafite flexível - que possui uma surpreendente resistência a corrosão contra vários tipos de ácido, bases e soluções salinas, compostos orgânicos e fluidos de transferência de calor, inclusive em altas temperaturas - era a melhor solução.

“Pelo nosso trabalho até agora com inovação aberta, ficámos muito contentes com as novas ideias que surgiram. Quando fizemos os primeiros projetos piloto em 2009, os resultados surpreenderam-nos porque vieram de todo o mundo e foi bom ver esse tipo de participação. Acho que esse foi o aspeto mais compensador até agora”, disse Jeffrey Davis.

O evento, este ano organizado pela primeira vez em Portugal, reúne anualmente cerca de 200 investigadores de várias áreas do conhecimento desde a gestão de inovação, saúde, gestão estratégica, organização, design, marketing, empreendedorismo ou políticas públicas.
Plataforma internacional feita por portugueses
“Fazia todo o sentido trazermos este evento mundial para Portugal, uma vez que a Católica-Lisbon tem vindo a apostar nos domínios do ensino e da investigação, tendo sido sempre classificada como excelente e a melhor na área de Ciências Sociais em Portugal por painéis internacionais de especialistas no contexto da avaliação de unidades de investigação levada a cabo pela Fundação para a Ciência e Tecnologia”, referiu Pedro Oliveira, do projeto Patient Innovation.

Trata-se de uma plataforma internacional, multilingue e sem fins lucrativos que tem como objetivo facilitar a partilha de soluções inovadoras desenvolvidas por doentes e cuidadores de qualquer doença.
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