Bastonário dos psicólogos defende programas vocacionais para evitar abandono no superior

por Lusa

Lisboa, 15 jun (Lusa) - O bastonário da Ordem dos Psicólogos defendeu hoje a criação de programas de aconselhamento vocacional e de carreira, para evitar que alunos abandonem ou mudem de curso no ensino superior, e poupar milhões de euros por ano ao Estado.

Em declarações à agência Lusa, Telmo Baptista disse que 12.160 alunos do primeiro ano do ensino superior público, no ano letivo 2014/2015 (19% do total dos estudantes), mudaram de curso ou abandonaram os estudos, o que representou um custo de 67 milhões para o Estado.

O custo destes processos representa 5.500 euros por estudante, segundo dados divulgados no congresso "Mudando vidas para melhor: a Orientação Escolar e Profissional como vetor de desenvolvimento pessoal e social".

Para o bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), é um "custo enorme" para o Estado e acaba por ser "desperdiçado".

"Foram 67 milhões que foram gastos e que não tiveram um reflexo positivo naquilo que seria o percurso das pessoas. Com uma parte muito menor deste custo conseguiríamos ter formas de ter uma boa intervenção psicológica relacionada com as questões vocacionais e de carreira", defendeu.

Com esta intervenção psicológica, argumentou, este investimento era melhor aproveitado e sem consequências negativas para os estudantes e respetivas famílias e sem o sofrimento associado ao insucesso e abandono escolar.

Isto porque os jovens ficavam mais capacitados para "procurar percursos profissionais mais adequados às suas necessidades, às suas competências e às suas ambições", disse Telmo Mourinho Baptista.

"Temos que pensar definitivamente não no curto prazo, que custa muito dinheiro e muito sofrimento, e temos que pensar a médio e a longo prazo", acrescentou.

Para Telmo Baptista, o valor que está a ser pago pelos contribuintes podia ser investido, numa "parcela muito mais pequena", na criação de "bons serviços, mais generalizados", que permitissem às pessoas ter mais capacidade para escolherem as suas carreiras.

Sobre os motivos que levam os estudantes a abandonar ou mudar de curso, o bastonário disse que há "um conjunto de motivações para o fazer", mas em muitos casos deve-se à ausência de "um trabalho de orientação" para saberem o percurso profissional mais adequado.

"As pessoas acabam por abraçar percursos profissionais que são muitas vezes profundamente insatisfatórios" e que se refletem negativamente no seu dia-a-dia, lamentou.

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