Plano de Emergência de Águeda avisa a Baixa em caso de cheias

por Lusa

Águeda, Aveiro, 18 set (Lusa) -- Águeda está hoje melhor preparada para as cheias, com um sistema de monitorização das chuvas na encosta do Caramulo que permite prever, com antecedência, a iminência de inundações e avisar a população.

Quem o garante é o coordenador da Proteção Civil Municipal, Jorge Almeida, referindo que existe hoje um maior conhecimento do território e um planeamento que permite minimizar os efeitos.

"Temos uma série de pontos de monitorização, controlados pelos Serviços Municipais de Proteção Civil, em conjugação com o Serviço Nacional de Proteção Civil e o Serviço Nacional de Recursos Hídricos. Além disso, temos também alguns pontos de visualização, porque os instrumentos podem falhar", descreve.

O acompanhamento da evolução dos caudais, mas também o alerta para a intervenção perante a ocorrência de cheias, constam do Plano Municipal de Proteção Civil, que foi financiado pelos fundos comunitários do programa Mais Centro.

"Numa situação de cheia temos de assegurar questões básicas, como o acesso às casas e os cuidados a pessoas acamadas. O nosso plano prevê tudo isso, com diversos intervenientes, como os Bombeiros, a GNR, as associações de proteção civil e os nossos serviços, determinando como funciona e quem faz o quê", explica.

Vigilância, acompanhamento e prestação de serviços são os três pilares em que se desenvolve o Plano Municipal de Proteção Civil para fazer face ao risco de inundações, que é complementado por uma base de dados da Câmara.

"Toda a gente sabe que a Baixa de Águeda é inundável porque está em leito de cheia e o que se pretende é que as pessoas tomem as precauções devidas, de modo a minimizar os impactos", diz.

O levantamento feito pela autarquia "dos comerciantes, moradores e de quem tem interesses na Baixa" permitiu elaborar uma base de dados de contactos, para que o alerta seja eficaz e a assistência também.

"Antes de o rio transbordar passamos a avisar os comerciantes e residentes nas zonas inundáveis. Se não estiverem em casa são contactados telefonicamente e é essa base de dados que nos referencia as pessoas acamadas, a quem os bombeiros vão depois prestar auxílio com os barcos, quando o rio sobe", explica Jorge Almeida.

Retirar a água de caves e pisos térreos durante a inundação é tarefa quase inglória, como explica por seu turno José Bismark, comandante distrital da Proteção Civil: "Por muito equipamento que se tenha, e os Bombeiros de Águeda têm-no, se conseguirem tirar 10 mil litros por minuto, isso é uma gota de água na inundação", comenta.

Resta aguardar que a água comece a descer, para fazer a limpeza das ruas e desobstrução de estradas, ações igualmente planeadas no Plano Municipal de Proteção Civil.

"Tão cedo quanto possível entram as equipas a fazer esses trabalhos para que a vida rapidamente regresse à normalidade", descreve Jorge Almeida.

A autarquia gastou já mais de 2,5 milhões de euros a abrir um canal para o rio contornar a cidade, aumentar o vão de pontes que obstruíam a água e remover taludes para franquear a passagem do caudal.

Jorge Almeida salienta que, depois das obras feitas pela Câmara, as cheias deixaram de ser torrenciais: "São cheias de nível, que se vão instalando e que ganham alguma altura em determinadas ruas, mas já não levam tudo à frente".

Apesar disso, há agora que contar com um outro fator, a nova barragem de Ribeiradio que, se por um lado ajuda a reter a água, cria problemas ao efetuar descargas de emergência, como se verificou este ano, em que debitou mais de mil metros cúbicos por segundo que o rio Águeda não conseguiu escoar.

"A barragem não pode ser gerida tendo em conta apenas a produção de energia" adverte o presidente da Câmara, Gil Nadais, que se mostra também preocupado com as obras que se anunciam a jusante.

Trata-se do projeto do sistema primário de defesa do Baixo Vouga que visa concluir os seis quilómetros que faltam no dique, estruturas hidráulicas no Rio Velho e nos esteiros de Canelas e de Salreu, e o reforço da margem direita do Rio Vouga, bem como uma ponte-açude no Rio Novo do Príncipe, em Vilarinho.

Gil Nadais deixa o aviso: "Tudo o que se faz no Rio Vouga afeta o Rio Águeda (seu afluente). Se houver entraves ao escoamento da água a jusante iremos ter mais água em Águeda e já chega a que temos tido. Para pior já basta assim".

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