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Portugal enfrenta risco elevado de escassez de água, segundo relatório

por RTP
O relatório indica que a captação de água a nível global mais do que duplicou desde os anos 60 devido a uma procura crescente Bruno Kelly - Reuters

Um quarto da população mundial, que vive em 17 países, enfrenta uma escassez de água "extremamente elevada", de acordo com um novo relatório do Instituto Mundial de Recursos. Portugal encontra-se no 41.º lugar, com um nível de escassez elevado. Cientistas falam de uma "crise de água global" provocada por fatores como a crise climática, a poluição e o desperdício.

Uma crise de água global "de quem ninguém fala", diz o Instituto Mundial de Recursos (WRI).

No ano passado, a Cidade do Cabo, na África do Sul, passou por um grave período de escassez de água, tornando-se a primeira grande cidade no mundo com probabilidade de ficar sem este recurso. As reservas hídricas em Chennai, na Índia, estão praticamente secas e Israel viu-se obrigado a desenvolver novas tecnologias para combater a seca.

O Instituto Mundial de Recursos conclui que as crises de água serão cada vez mais comuns.

Neste momento, um quarto da população mundial em 17 países vive em zonas de escassez de água extremamente alta, em "stress hídrico elevado" e próximo do "dia zero" – o dia em que as reservas de água são tão baixas que a água municipal é maioritariamente desligada e os residentes têm de fazer filas para obterem uma porção diária de água.

Nestes 17 países, o relatório constata que a indústria, a agricultura e os municípios estavam a utilizar mais de 80 por cento das águas superficiais e subterrâneas disponíveis num ano médio.


Por outro lado, o relatório indica que a captação de água a nível global mais do que duplicou desde os anos 60 devido a uma procura crescente.

Entre os países com escassez de água extremamente elevada, encontram-se o Qatar, Israel, o Líbano, o Irão e a Índia. Doze destes estão localizados no Médio Oriente e no norte de África, a região em maior risco de escassez de água no mundo.
Risco elevado em Portugal

Entre os 27 países que enfrentam um risco elevado de escassez de água encontram-se Portugal, Espanha, o Chile, a Bélgica e o Chipre. Aqui, mais de 40 por cento dos recursos hídricos disponíveis são captados a cada ano.


No final de maio deste ano, 98 por cento do território português estava em situação de seca, e 37,5 por cento encontrava-se na categoria de seca extrema, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).



Portugal "está a viver além da água que tem", disse a Associação Natureza de Portugal, representante do Fundo Mundial para a Natureza.

Em comunicado, a associação sublinhou que o país se encontra "parcialmente em situação de seca, devido a anos pouco chuvosos cujos efeitos são agravados pelas alterações climáticas".
"Terríveis consequências"

"As consequências [da escassez de água] tomam a forma da insegurança alimentar, conflitos, migrações e instabilidade financeira", disse Andrew Steer do WRI.

A par da vulnerabilidade face às secas, a escassez pode ainda originar uma competição pelos recursos: "Quando a procura competir com as reservas, mesmo os mais pequenos episódios de seca – que vão aumentar com as alterações climáticas – podem provocar terríveis consequências", diz o WRI.

Por outro lado, o crescimento populacional, a urbanização e o desenvolvimento socioecónomico pressionam os recursos hídricos, que já são por si vulneráveis devido à crise climática, que os torna mais irregulares.

Os especialistas frisam que é possível fazer uma melhor gestão dos recursos hídricos, aumentando, por exemplo, a eficiência agrícola, investindo em infraestruturas ecológicas e reciclar a água.
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