Mariana, a líder canhota, a única tendência de esquerda contra o "paizinho do Estado"

Em Pereira, Montemor-o-Velho, a líder da Iniciativa Liberal (IL) diz que só usa a esquerda para escrever ou para pegar na colher da sopa.  Tudo o mais é com a direita, fundamentalmente na vida, na política nos desejos para a sociedade.

Nuno Amaral /
O artista Bráulio Figo desafiou Mariana Leitão a pintar um azulejo. 

No pequeno atelier, na pequena aldeia de Pereira, em Montemor-o-Velho sobressaía um corpo semi-nú numa tela, ao colo de uma figura religiosa. Pinturas de igrejas, aguarelas de Santo António. Esboços com traço de erotismo eclesiástico. 

Agora vai decalcar para o azulejo”, desafiou Bráulio Figo. Estendeu-se um pincel. “ Ai, isto para os canhotos é mais difícil”, sorriu a líder da Iniciativa Liberal.

O partido que Mariana Leitão lidera não apresentou candidato à Câmara Municipal. Apenas a esta junta de freguesia e à Assembleia Municipal. "É uma forma de fortalecer o poder local, as Assembleias Municipais podem funcionar como a Assembleia da República, têm um papel muito importante”, frisou Leitão.
O decalque lá ia surgindo no azulejo. Concentrada, Mariana Leitão ia ao detalhe, minuciosa. Assinou com a mão esquerda. Surgiu a pergunta: "É só canhota a escrever?”.

Riu, gargalhou. E respondeu. “É sem dúvida a única tendência que tenho. Nasci canhota, sou canhota. E ficamos por aqui”.

Mariana Leitão, a líder da IL, a mulher que só usa a mão esquerda para escrever e comer sopa. “Não, não vejo a política pela esquerda, só uso a esquerda para escrever e comer sopa”, assegurou.

Depois, esclareceu que a visão que tem para a vida, para a política não lhe permite usar o ângulo esquerdo. “Não, de todo. A esquerda tem uma visão estatista da sociedade, coletivista, nós acreditamos nas pessoas livres, sem precisarem do paizinho Estado o tempo todo”, rematou.
PUB