Conversa Capital com João Bento, CEO dos CTT

por Antena1

Foto: Antena1

Os CTT estão a preparar um novo aumento de preço do correio para compensar a queda excecional que tiveram em 2020, consequência da pandemia.

Será o segundo aumento proposto. Sem querer avançar valores, em entrevista à Antena1 e o Jornal de Negócios, o CEO dos CTT, João Bento, refere apenas que é um pedido de aumento razoável que, a concretizar-se, permitiria compensar parcialmente as perdas do ano passado.


Os CTT querem ser compensados pela perda de receitas, decorrente da pandemia, mas também pela decisão unilateral do Estado, de extensão do contrato de concessão do serviço postal universal, por mais um ano. João Bento admite que essa compensação possa ser feita por via do preço, por dinheiro ou das duas formas. Nesta entrevista lembra que os CTT prestaram um serviço que é suposto ser remunerado de uma certa maneira e que não foi. Não concretiza valores, refere apenas que se trata de um processo de reequilíbrio do contrato, de "números palatáveis" e que "não há aqui ziliões". Os CTT perderam o ano passado 50 milhões de euros em receitas do correio, apesar do “crescimento extraordinário” no lado das encomendas.


Para o futuro e no âmbito da negociação do contrato de concessão, João Bento defende um modelo que continue assente no preço mas de uma forma equilibrada e previsível. Considera que há capacidade para as famílias suportarem esse aumento e também para aliviar alguns serviços. Acredita que vai ser possível ter um novo contrato de concessão que venha a dar sustentabilidade ao serviço postal universal. Adianta que, se assim não for, "não vai entrar num contrato que condenaria a empresa à falência" e "não vai perder dinheiro". Para além do preço, João Bento espera também que o novo contrato de concessão reduza para 10 os indicadores de qualidade que atualmente são 24.


João Bento não reconhece o interesse do Banco CTT no EuroBic mas refere que às vezes "a paisagem traz oportunidades inesperadas" e o "EuroBic é uma coisa que apareceu inesperadamente na paisagem" e, quando assim é, "faz-se um pequeno desvio e faz-se um caminho que será diferente". O EuroBic, considera, é "complementar" ao Banco CTT.

Já quanto a uma reversão da privatização dos CTT, ou a uma entrada do Estado no capital da empresa, considera que se trata de uma opção de natureza ideológica que, admite, pode prejudicar a imagem da empresa.


Nesta entrevista João Bento revelou ainda que os CTT pretendem concluir a abertura de lojas este ano, já na próxima semana em Marvão e que não vai haver dispensa de trabalhadores, mesmo com a previsível redução do correio.

Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Ana Sanlez do Jornal de Negócios.
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