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Brasileiro Julián Fuks vence Prémio José Saramago com "A Resistência"

por RTP
Publicada em 2015, a obra "A Resistência", de Julián Fuks, recebera no ano passado, no Brasil, o Prémio Jabuti para o Melhor Romance Rodrigo Antunes - Lusa

O Prémio José Saramago de 2017, no valor de 25 mil euros, cabe ao romance "A Resistência", do escritor brasileiro Julián Fuks, foi anunciado esta quarta-feira na sede da Fundação com o nome do Nobel português da Literatura, em Lisboa.

Publicada em 2015, a obra "A Resistência", de Julián Fuks, recebera no ano passado, no Brasil, o Prémio Jabuti para o Melhor Romance.

"Estamos perante um excelente romance. Colocando-se no registo de atestação de uma experiência pessoal intensa, Julián Fuks conseguiu alcançar em A Resistência o difícil patamar da contenção discursiva no interior daquele arco simultaneamente emocional e intelectual que define as construções literárias mais cativantes", sustenta, na sua declaração, o crítico literário Manuel Frias Martins, entre os elementos do júri.A revista Granta incluiu Fuks entre os 20 melhores jovens escritores brasileiros.


O Prémio José Saramago foi instituído em 1999 pela Fundação Círculo de Leitores. Visa distinguir jovens escritores de língua portuguesa cuja idade não ultrapasse os 35 anos, quando da publicação da obra.

O prémio é bienal e distinguiu nas edições anteriores os escritores Paulo José Miranda, José Luís Peixoto, Adriana Lisboa, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Andréa del Fuego, Ondjaki e Bruno Vieira Amaral.

Em "A Resistência", anota a Fundação Círculo de Leitores, Fuks desenvolve a história de uma família argentina a partir de 1976, ano do golpe de Estado que fez cair a Presidente María Estela Perón e instaurou o poder ditatorial de uma junta militar, que governou o país até dezembro de 1983.

"Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado, anuncia, logo no início, o narrador deste romance. O leitor descobre-se à partida imerso numa memória pessoal que se revela também social e política", lê-se na mesma nota.

"Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se a história de uma família, num retrato denso e emocionante. Adotado por um casal de intelectuais que logo iria procurar exílio no Brasil, o rapaz cresce, ganha irmãos e as relações familiares tornam-se complexas. Cabe então ao irmão mais novo o exame desse passado e, mais importante, a reescrita do próprio enredo familiar", detalha-se no comunicado.
Quem é Julián Fuks
Filho de pais argentinos, Julián Fuks nasceu em 1981 em São Paulo, no Brasil.  Publicou o primeiro livro, "Fragmentos de Alberto, Ulisses, Carolina e eu", em 2004, tendo então sido distinguido como o Prémio Nascente da Universidade de São Paulo.

Em 2007 e 2012 o escritor foi finalista do Prémio Jabuti com os livros "Histórias de Literatura" e "Cegueira", respetivamente. Seria igualmente finalista do Prémio Portugal Telecom, atual Oceanos, e do Prémio São Paulo de Literatura, com "Procura do romance".

"A Resistência" é quarta obra do autor, com a qual recebeu o Prémio Jabuti Melhor Romance, ficou entre os finalistas do Prémio Oceanos, em 2016, e recebeu a Menção Honrosa no Prémio Rio de Literatura.

O júri da edição deste ano do Prémio José Saramago foi constituído pela poetisa angolana Ana Paula Tavares, pela professora de Estudos Portugueses da Universidade Nova de Lisboa Paula Cristina Costa, pelo escritor português António Mega Ferreira, pela investigadora Nazaré Gomes dos Santos, da Universidade Autónoma de Lisboa, além de Manuel Frias Martins, crítico literário e ensaísta, doutorado em Teoria da Literatura e vice-presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e da escritora Nelida Piñon.

c/ Lusa
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