Confraria do Abade de Priscos quer certificar pudim que leva toucinho

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Braga, 06 set (Lusa) -- O pudim Abade de Priscos, um dos 21 finalistas das Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, vai ser certificado para garantir a genuinidade de uma iguaria que tem a particularidade de levar toucinho na sua confeção, anunciou hoje a respetiva confraria.

O presidente da Confraria Gastronómica do Abade, Agostinho Peixoto, disse à Lusa que a certificação "ganhou particular acuidade" com aquele concurso nacional, que permitiu "ter uma ideia mais clara da importância e da implantação" do pudim em todo o país e que motivou uma crescente procura nos restaurantes.

"Em muitos restaurantes, de norte a sul, estamos a falar num acréscimo médio de 70 por cento de vendas do Pudim Abade de Priscos, sendo também muitos os que passaram a incluí-lo nos seus cardápios. Agora, mais do que nunca, impõe-se a certificação, para que os consumidores tenham a certeza de que estão a saborear o verdadeiro pudim", referiu.

O "padrinho" da certificação será o eurodeputado José Manuel Fernandes, já que a confraria quer que o Pudim Abade de Priscos ganhe o estatuto de "receita europeia protegida".

Agostinho Peixoto garante que esta é uma receita "sem segredos", embora admita que há "etapas" da confeção que podem fazer toda a diferença, como a feitura da calda, o bater das gemas ou a cozedura em banho-maria.

Quanto às 50 gramas de toucinho que entram, em lascas, no pudim, devem ser de porco bísaro, ter um pouco de entremeada e estar "muito bem salgadas".

De resto, o pudim leva água, açúcar, casca de limão, canela, gemas e vinho do Porto.

"Muito fácil de fazer, mas muito difícil de acertar", atira Agostinho Peixoto.

O padre Manuel Joaquim Machado Rebelo nasceu em 1834 na freguesia de Santa Maria de Turiz, concelho de Vila Verde, mas foi em Priscos, Braga, que o "abade" se distinguiu pelos seus dotes culinários, sendo muitas vezes chamado a cozinhar por ocasião de visitas da família real, ministros ou bispos.

A confraria está também a trabalhar na criação do Museu Regional do Abade de Priscos, que poderá ficar em Vila Verde ou em Braga.

"Ambas as autarquias se mostraram muito interessadas. Estou convencido que até ao final do ano a escolha será feita", referiu Agostinho Peixoto.

Paralelamente, e para "democratizar ainda mais" a receita do pudim e a tornar "popular" também juntos dos mais jovens, a confraria vai promover, em finais do mês, um workshop para 20 jovens com idades entre os 8 e os 14 anos, em que os participantes terão oportunidade de "pôr as mãos na massa".

Em embrião poderá estar a "Confraria Gastronómica dos Abadinhos".

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