Museu de Sines fechado há dois anos reabre em capela histórica

O Museu de Sines, fechado nos últimos dois anos, reabre hoje na Capela da Misericórdia com um espólio onde se destacam o tesouro fenício do Gaio e um conjunto raro de cantarias visigóticas.

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O equipamento cultural, segundo a Câmara Municipal de Sines, é inaugurado ao final do dia de hoje, sendo a capela que agora o acolhe, construída no século XVI, ela própria, alvo da visita dos turistas.

"A capela estava bem tratada e só tivemos que estabilizar a sala em termos térmicos e de humidade e adquirir vitrinas, mobiliário de suporte das peças, iluminação e o sistema de vídeo-vigilância", explicou hoje à agência Lusa o presidente da câmara, Manuel Coelho.

O espólio do museu integra peças provenientes do Museu Arqueológico Municipal, do Museu de História Natural e da doação de José Miguel da Costa (fundador do Museu Arqueológico e falecido em 2005).

As peças "mais significativas" dessas colecções vão ser exibidas ao público, muitas delas constituindo prova da "profunda relação de Sines com o mar", tanto em termos económicos, como a pesca e a conserva do pescado, como da importância das trocas comerciais e culturais.

O Tesouro do Gaio, datado do século VII A.C. e descoberto numa sepultura na Herdade do Gaio, é um desses exemplos, sendo formado por adornos de uma princesa fenícia, que o autarca considera serem "dos mais importantes" que existem no município.

O conjunto de adornos femininos inclui peças em ouro, pasta de vidro, âmbar, cornalina, prata, entre outros materiais e é ainda apontado como um dos "mais significativos testemunhos portugueses do comércio fenício".

O município aponta também uma das "mais vastas e ricas" colecções de cantarias lavradas da antiguidade tardia como sendo outro "conjunto fundamental" do espólio do museu.

O "Livro de São Torpes" (1746), que narra a história do mártir romano cujo corpo terá dado à costa na praia local do mesmo nome, cerâmicas da necrópole da Provença (Idade do Bronze), um conjunto de cepos de âncora romanos e obras de arte de Hemmérico Nunes, Nikias Skapinakis, Júlio Pomar e Graça Morais são outros dos destaques.

"Sines é um dos município com maior riqueza ao nível de obras de arte milenares e seculares", assegurou Manuel Coelho, realçando ainda que o museu vai exibir peças da basílica visigótica local, já destruída, mas que foi "uma das maiores da Península Ibérica".

O município está a desenvolver um projecto para o Museu de Sines que passa por criar vários núcleos, pelo que este que reabre hoje, mais virado para a arqueologia, só se vai manter na Capela da Misericórdia até 2009.

Nessa altura, deverão estar terminados os trabalhos de recuperação e adaptação do Castelo para funções museológicas, passando o espólio para essas instalações, ao mesmo tempo que será também criada a Casa Vasco da Gama.

"Estamos a tentar constituir um grande museu municipal com vários núcleos, dedicados à arqueologia, ao período de Vasco da Gama, à etnografia e à ligação de Sines ao mar", revelou o autarca.

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