O sucesso supersónico de Mickael Carreira

por Agência LUSA

Mickael Carreira gravou um único álbum, mas já vendeu mais de 60 mil cópias, realizou apenas dois concertos a solo, mas já atraiu mais de 15 mil espectadores. Para o "Enrique Iglesias português", o sucesso foi supersónico.

"É um êxito bem superior ao que esperava", admite o cantor, que iniciou a sua primeira tournée há um mês e prepara, para o final do ano, o lançamento do seu segundo disco.

A esta ascensão meteórica não é alheia a sombra tutelar do pai, Tony Carreira, dono de um longo e fulgurante percurso no mesmo segmento musical, mas que demorou bem mais tempo a alcançar o estrelato. Foi Tony, com tantos anos de carreira como a idade do filho (20 anos), quem atirou Mickael para as primeiras experiências de palco nos seus próprios espectáculos. Foi ele também que o encorajou a avançar para uma carreira a solo.

"Ser filho de quem sou é uma rampa de lançamento. Mas há uma altura em que o nome já não ajuda grande coisa", admitiu Mickael, que tem um irmão mais novo - David, de 16 anos - a espreitar outras oportunidades, como jogador de futebol nos juvenis do Benfica. "As pessoas vão comprar discos ou assistir a um concerto porque gostam do artista, não por ser filho de quem é", acrescentou Mickael, em defesa dos méritos próprios.

E Mica - como é conhecido entre as fãs - escudou-se no exemplo do espanhol Enrique Iglesias: "Também ninguém vai ver os seus concertos só por se tratar do filho de Júlio Iglesias". "Tanto o Julio como o Enrique fizeram carreiras grandes, mas distintas", enfatizou. A mãe, Fernanda Antunes, concordou: "Eu e o pai damos-lhe todo o apoio, mas quem faz o trabalho é o Mickael. Ele empenha-se muito". O que agora inquieta Fernanda é não ter dotes premonitórios para antever se a carreira de Mickael atingirá a longevidade da do pai, ou se será efémera, como a de tantos outros filhos de cantores consagrados tentados a seguir o mesmo rumo. "Claro que não posso prever se terá uma carreira bonita como a do pai. O que sei é que, para início, as coisas estão a correr muitíssimo bem", declarou.

Mickael revela igual prudência quanto ao que o futuro lhe reserva porque, afinal, "não há fórmulas mágicas" para o sucesso. "Só podemos construir uma carreira brilhante se conseguirmos fidelizar o público. Espero que isso aconteça comigo", completou. De uma coisa, Mickael tem a certeza: "Não há, e espero que nunca haja, rivalidade entre mim e o meu pai. Não nos vemos como músicos mas simplesmente como pai e filho".

Quando Mickael nasceu, em 1986, na localidade francesa de Douran, o pai - um emigrante oriundo de Pampilhosa da Serra - dava ainda os primeiros e tímidos passos na música. Quatro anos depois, em 1990, Tony gravou o primeiro disco a solo, intitulado "É Verão em Portugal", e começou a tornar-se um caso sério de popularidade entre a comunidade portuguesa em França. Ao quinto trabalho discográfico dedicou uma faixa ao filho que agora lhe segue as pisadas, intitulada "O Meu Pequeno Herói". Mas foi apenas em 1999, quando Tony se reposicionou em exclusivo como cantor de baladas, que chegou a recordes de vendas de discos até à quádrupla platina, e a uma permanência nos tops durante 54 semanas, 27 das quais em primeiro lugar.

Ao vivo, esgotou as maiores salas portuguesas - como no Pavilhão Atlântico ou coliseus de Lisboa e Porto - e pisou o palco do Olympia de Paris. à sua segunda passagem pela mítica sala da capital francesa, em 2002, Tony requisitou o filho para o acompanhar à guitarra.

Nessa altura, o "pequeno herói" contava 16 anos, tinha já formação em piano, obtida num conservatório francês, bons conhecimentos de guitarra e já compunha, embora para a gaveta. "Desde muito cedo que a música teve uma grande influência em mim. Obviamente, que em grande parte, por ter um músico em casa", disse Mickael à agência Lusa.

à sua experiência no Olympia seguiram-se alguns duetos com o pai que, a 13 Maio do ano passado, já com a família regressada a Portugal, acabou por lhe fazer outro grande teste: deixou-o só frente a uma multidão que enchia o mega-pavilhão Atlântico, em Lisboa. O desempenho foi positivo e a receptividade do público encorajou Mickael a editar o seu primeiro álbum, de título homónimo ("Mickael"), e a lançar-se numa carreira a solo, celebrada com uma tournée de pelo menos seis concertos.

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