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Piano e percussão no projeto Le Tic-Toc-Choc que Vera Prokic leva ao Museu do Oriente

por Lusa

A pianista Vera Prokic apresenta hoje, no Museu do Oriente, em Lisboa, o projeto "Le Tic-Toc-Choc", que aborda obras canónicas da história da música, conjugando piano e percussões, de modo a abrir novas perspetivas sobre o repertório.

"Le Tic-Toc-Choc", que também é o título mais popular de uma conhecida peça para instrumento de tecla do compositor do barroco francês François Couperin, recebe o seu nome e sonoridades "de um percurso que une estilos, continentes, tempos e culturas", como se lê na apresentação do concerto.

Nesta iniciativa, a interpretação de obras musicais canónicas é feita "através de uma ampla utilização de percussão", algo que também carateriza a conceção de "Le Tic-Toc-Choc", de Couperin, pensado no século XVIII, para um instrumento como o cravo, peça extremamente percussiva, que define a sua própria linha melódica.

"O carácter inédito do projecto [de Vera Prokic] parte, justamente, da criação pianística, instrumento de `percussão melódica`, em diálogo musical que busca a sua justa complementaridade, num leque de instrumentos tradicionais de percussão", garantindo "uma nova dimensão melódica, rítmica e acústica às peças originais".

Na sustentação do seu projeto, Vera Prokic cita o histórico pianista Vladimir Horowitz, quando apontava, como segredo da interpretação, a necessidade "de transformar o instrumento de percussão num instrumento de canto".

"As peças não são transformadas em Jazz, Rock ou qualquer outra expressão diferente daquelas para que foram originalmente concebidas por compositores como Couperin, Bach, Beethoven, Mozart, Satie, Joplin, Tajcevic, Rey Colaço", prossegue a apresentação do concerto. São `apenas` reveladas numa dimensão percussiva que procura a sua linha musical.

O projeto "Le Tic-Toc-Choc" é formado pela pianista Vera Prokic, com os percussionistas Osvaldo Pegudo e Marco Santos.

O grupo apresentou o projeto, pela primeira vez, há um ano, no Festival Todos, em Lisboa.

O programa do concerto abre exatamente com "Le Tic-Toc-Choc", de François Couperin, e envolve obras de Johann Sebastian Bach (quatro Pequenos Prelúdios), Erik Satie ("Gnossienn"), Mozart ("Il andamento de Sonata Facile" e "Marcha Turca"), Beethoven ("Fur Elise"), Leucona ("La Comparsa"), Alexandre Rey Colaço (dois Fados), Tajcevic (sete Danças Balcãs), Scott Joplin ("Peachering" e "The Easy Winners"), George Gershwin ("Man I Love") e Liszt ("Mephisto Waltz").

O alinhamento deverá culminar na Sonata "Ao Luar", Op. 27, n.º 2, de Beethoven.

Formada pela Escola Superior de Música de Zagreb, na ex-Jugoslávia, atual Croácia, Vera Prokic estudou ainda em Viena.

Foi professora do Conservatório Nacional e professora acompanhadora na Escola Superior de Música de Zagreb. Fez igualmente parte da Orquestra Filarmónica de Zagreb, como cravista, organista e pianista, e ainda como maestrina auxiliar.

O seu percurso passa ainda por palcos internacionais, de festivais e salas de concerto, da Europa de Leste e Central, a Itália, França, Grécia, Alemanha.

Fixada em Portugal desde o início da década de 1990, Vera Prokic exerce funções de docente na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, tem participado em simultâneo em projetos de criação e produção artística, com instituições como a Fundação Musical dos Amigos das Crianças, a Escola de Música de Linda-a-Velha, a Escola Superior de Música de Lisboa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra e Coro da Fundação Calouste Gulbenkian, o Teatro Nacional de São Carlos, Teatro Ibérico, a Companhia de Teatro de Almada, o Centro Nacional da Cultura, a Universidade de Évora e a Orquestra do Norte.

Como pianista da Associação Ginásio Ópera realizou "Rigoletto", de Verdi, que apresentou no continente e na Madeira.

Na sua discografia destaca-se o álbum a solo gravado para o Centenário da República (2009-2010), resultado de investigação da pianista, congregando peças de compositores como Alfredo Keil, José Vianna da Motta e Edward Luiz Ayres d`Abreu.

O concerto de hoje no Museu do Oriente, em Lisboa, tem início às 19:30.

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