Rui Reininho agora a solo à procura do inesperado em "Companhia das Índias"

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 26 Nov (Lusa) - Rui Reininho, vocalista dos GNR, edita em Dezembro o álbum "Companhia das Índias", a primeira aventura a solo, na qual arrisca tudo e assume novas personagens, todas menos a do "crooner".

"Companhia das Índias", que sairá a 09 de Dezembro, apresenta 13 temas, a maioria com letras de Rui Reininho e música composta por vários convidados, entre os quais Paulo Furtado, Alexandre Soares, Slimmy, Rodrigo Leão e Armando Teixeira, que produziu o álbum.

No alinhamento entram ainda duas versões, de "Bem Bom", das Doce, e "Faz parte do meu show", do brasileiro Cazuza.

Em entrevista à agência Lusa, Rui Reininho disse que partiu para este trabalho, o primeiro a solo aos 53 anos, com o espírito de arriscar tudo e à espera de que aconteçam "coisas inesperadas".

"Nada disto tem a ver com o passado, a não ser eu próprio. Falo de coisas que têm a ver com o passado, mas utilizo quase tudo e faço reciclagem", disse Rui Reininho.

O músico recusa a ideia de que as letras que escreveu são poesia, mas é indiscutível a marca da "lírica" de Rui Reininho, em temas como "Dr. Optimista", "Yoko Mono", "Turbina & Moça" e "Laika Virgem".

"Companhia das Índias" tem "o mínimo de autobiografia" e apresenta Rui Reininho na pele de várias personagens: é ilusionista, cartomante, mestre de espionagem, músico camuflado. Nada é o que parece, mas o cantor diz que não se escondeu atrás da voz.

"Foi uma surpresa interessante. Já me disseram `eh pá parece que estás com a voz dos primeiros discos [dos GNR], pareces o Reininho dos [anos] oitenta´. Felizmente não estou escondido atrás da voz. Em certas fases da minha vida senti" [que isso acontecia], admitiu o músico, que diz ter deixado para trás a fase da "angústia interior".

Sem ter perdido ainda a capacidade de se rir de si próprio, Rui Reininho tentou escapar, neste projecto, à imagem de um "crooner" da pop portuguesa.

"Não é uma área em que me quisesse meter e me sinta à vontade". Isso é bem feito por alguns mestres da pop. O Rod Stewart não faz outra coisa, estar ali com biquinis e raparigas com salto alto... eu gosto delas baixinhas", disse entre risos.

Com "Companhia das Índias", Rui Reininho quis fazer um disco "competente" e agradece sobretudo aos músicos com quem trabalhou.

"Já viu a sorte que é eu estar a interpretar coisas de pessoas, algumas de encomenda, outras que tinham coisas na gaveta...Foram completamente solidários e desinteressados em termos dos chamados dólares", disse.

Rui Reininho irá apresentar o álbum a 03 de Dezembro no Cinema São Jorge, em Lisboa, no âmbito do Super Bock em Stock, e espera ter em 2009 "um ano muito feliz" com espectáculos mais pequenos e intimistas, na companhia de um grupo de músicos que cabe num táxi.

À sua espera deverá ter um público de "gente civilizada, simpática": "Espero que seja gente disponível. O que eu queria fazer disto é que aconteçam outra vez coisas inesperadas".


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