Suspensão da Lusa na Guiné-Bissau atenta contra liberdade de informação, considera direção da agência

por Lusa

Lisboa, 30 jun (Lusa) -- A direção de informação da Agência Lusa considerou hoje "atentatória da liberdade de informação" a decisão do Governo da Guiné-Bissau de suspender as atividades da empresa no país.

Hoje, o Governo da Guiné-Bissau ordenou a suspensão das atividades da Agência Lusa, RTP e RDP no país, alegando que caducou o acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado entre Lisboa e Bissau.

Em resposta, a Direção de Informação da Lusa enviou hoje à sua redação um comunicado em que considera esta decisão "atentatória da liberdade de informação", acrescentando que "vai apresentar o seu protesto junto das instâncias adequadas".

A Agência Lusa conta com dois jornalistas no país.

Segundo o ministro da Comunicação Social guineense, Vítor Pereira, a partir da meia-noite de hoje em Bissau (01:00 em Lisboa) ficam suspensas todas as atividades dos três órgãos portugueses naquele país até que o Governo de Lisboa abra negociações para a assinatura de um novo acordo.

A suspensão das atividades, acrescentou o ministro, não tem qualquer relação com os conteúdos que os três órgãos difundem, mas salientou que Bissau considera que é necessário "revisitar e renegociar" as condições do acordo de cooperação, celebrado há 20 anos.

"Perante o insistente silêncio que para nós se traduz em manifesta falta de vontade política da parte portuguesa, no dia 01 de junho de 2017, foi enviada com caráter de urgência, uma nova carta ao ministro da comunicação social de Portugal, onde não só se elencam os motivos da proposta de suspensão das atividades da RTP na Guiné-Bissau, como também se propõe a data limite de 30 de junho para esse efeito", salientou Vítor Pereira.

O ministro guineense disse que não teve qualquer resposta da parte portuguesa à carta, pelo que manteve a decisão de suspender a atividade das empresas portuguesas, alegando que a parte guineense "fez todos os esforços" para evitar esta situação.

A Guiné-Bissau tem vivido uma situação de crise institucional desde as últimas eleições, com um afastamento entre o partido vencedor das legislativas e o Presidente da República, também eleito.

O atual Governo não tem o apoio do partido que ganhou as eleições com maioria absoluta e este impasse político tem levado vários países, entre os quais Portugal, e instituições internacionais a apelarem a um consenso.

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