Universidade de Coimbra lança plataforma dedicada ao arquivo de Max Stahl
A Universidade de Coimbra lançou hoje uma nova plataforma do Arquivo Audiovisual Max Stahl, jornalista que morreu em outubro de 2021 e cuja cobertura do conflito em Timor-Leste foi determinante na independência daquele país.
A nova plataforma (disponível em www.uc.pt/collections/max-stahl) agrega cerca de 100 vídeos de Max Stahl, que já eram públicos, mas que neste `site` sofreram um tratamento de restauro, para melhoria da qualidade dos vídeos para alta definição, enriquecimento dos conteúdos, revisão de metadados e interligação de vídeos, com a identificação de personalidades retratadas, locais, datas ou categorias, explicou hoje a instituição.
O jornalista de origem britânica foi fundamental na difusão do conflito armado em Timor-Leste, nomeadamente a cobertura do massacre no cemitério de Santa Cruz, provocado pelas tropas indonésias.
A Universidade de Coimbra, que é a fiel depositária do Arquivo Max Stahl, apresentou hoje a nova plataforma, um trabalho que mostra "uma pequena parte" do arquivo, mas que valoriza e explora as potencialidades dos vídeos recolhidos pelo jornalista, afirmou o vice-reitor com a pasta da Cultura, Delfim Leão, durante a conferência de apresentação da iniciativa.
O trabalho, feito em parceria com o Centro Audiovisual Max Stahl, em Timor-Leste, permite ampliar o legado do jornalista, cujo trabalho se inscreve na independência daquele país, realçou.
"O que Max Stahl mais temia era que o arquivo caísse em esquecimento. Não podemos deixar que isso aconteça", salientou, por seu turno, a diretora do Arquivo da Universidade de Coimbra, Cristina Freitas.
O coordenador do projeto de criação da plataforma, Jorge Gamito, explicou que a melhoria da qualidade dos vídeos foi feita com recurso a inteligência artificial e `machine learning`, mas realçou que a disponibilização em `streaming` foi pensada para diferentes larguras de banda, nomeadamente a pensar em Timor-Leste, onde a velocidade da internet é mais lenta.
A plataforma, de momento, está apenas em inglês, mas poderá depois ser disponibilizada noutras línguas, estando já 144 personalidades identificadas nos cerca de 100 vídeos apresentados na coleção, referiu.
"Isto é muito mais do que publicar conteúdos `online`. Foi honrar o que foi feito -- lutar contra a invasão indonésia, conquistar a independência e falar ao mundo" dessa luta, salientou Jorge Gamito, da UC Framework, departamento tecnológico da empresa da Universidade de Coimbra UC Next.
Também presente na conferência de imprensa, o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, destacou "o valor histórico importante" do arquivo de Max Stahl, referindo que a instituição que lidera tem um "compromisso com a história de Timor e também de todos os outros países de língua portuguesa".
"Há uma obrigação moral, académica, científica, social de preservar" este espólio, frisou.