Banco Mundial segue exemplo do FMI e suspende financiamento ao Afeganistão

por Lusa

O Banco Mundial anunciou hoje que suspendeu a ajuda financeira ao Afeganistão no seguimento do regresso ao poder dos talibãs, salientando a "profunda preocupação" com o desenvolvimento do país e com os direitos das mulheres.

"Suspendemos os desembolsos (de financiamento) para as nossas operações no Afeganistão e estamos a acompanhar de perto e a avaliar a situação", disse uma porta-voz desta entidade financeira multilateral à agência francesa de notícias, a AFP.

"Estamos profundamente preocupados com a situação no Afeganistão e com o seu impacto nas perspetivas de desenvolvimento do país, especialmente para as mulheres", acrescentou a porta-voz, prometendo, ainda assim, que o banco está a explorar "formas de continuar envolvido no apoio ao povo afegão".

A decisão do Banco Mundial segue o anúncio feito na terça-feira passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que também indicou que o financiamento ao país estava suspenso, a começar pela parte dos Direitos Especiais de Saque que se tornaram efetivos na segunda-feira, num total de 650 mil milhões de dólares (cerca de 552 mil milhões de euros), dos quais cerca de 400 milhões de dólares, representando 340 milhões de euros, iriam para Cabul.

"Como sempre, o FMI é orientado pelas opiniões da comunidade internacional", disse o porta-voz da organização num comunicado enviado às redações.

Segundo Gerry Rice, "existe atualmente uma falta de clareza na comunidade internacional relativamente ao reconhecimento de um governo no Afeganistão e, como resultado, o país não pode aceder aos Direitos Especiais de Saque (DES) ou a outros recursos do FMI".

Os talibãs passaram a controlar Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

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