CGD recua. Vai pagar juros de depósitos poupança abaixo de um euro
Afinal não avança. A Caixa Geral de Depósitos recuou e vai continuar a pagar juros nos depósitos poupança quando o valor é inferior a um euro. A medida, que previa o não pagamento, era para entrar em vigor em agosto.
"A Caixa Geral de Depósitos [CGD] tomou boa nota da comunicação efetuada pelo Banco de Portugal. Em face da expectativa criada, a Caixa decidiu acolher a recomendação sobre a medida que entraria em vigor no dia 1 de agosto", disse o banco público em comunicado.
Na semana passada, a CGD tinha informado os seus clientes que a partir de 1 de agosto ia cortar em 70% a remuneração de alguns produtos poupança e depósitos a prazo, com redução dos juros de 0,05% para 0,015% (Caixapoupança Reformado, Caixapoupança Emigrante e Caixapoupança Superior e as contas Caixapoupança Mais Reformado). Dizia ainda que não iria pagar juros ilíquidos até um euro.
A decisão anunciada levou, no início da semana, o Bloco de Esquerda a questionar o Governo sobre que medida iria tomar perante esta posição do banco público, considerando que a retenção de juros uma "medida `pioneira` inclassificável e incompreensível a todos os níveis".
Já na quarta-feira, o Banco de Portugal fez saber que "transmitiu à Caixa Geral de Depósitos [CGD] a sua posição relativamente à política de pagamento de juros de depósitos a prazo recentemente anunciada por esta instituição de crédito". Não disse qual foi a posição, mas fonte do setor financeiro indicou à Lusa na altura que o BdP se tinha manifestado contra a decisão da CGD.
Perante isto, em comunicado divulgado esta quinta-feira à noite, a CGD informou que recua na decisão. O banco liderado por Paulo Macedo justificou a medida com "razões de natureza de eficiência operacional e não tanto por razões de rentabilidade", referindo que o objetivo era "minimizar o elevado número de lançamentos, muitas vezes dando origem a comunicação escrita, de montantes de baixa materialidade para os clientes".
A CGD diz ainda que é "o principal banco promotor do aforro de clientes particulares" com produtos que promovem a poupança dos clientes e "uma remuneração nos depósitos superior à média do mercado, quer no `stock` de poupanças quer em novas constituições, designadamente para as maturidades a seis meses".
A CGD faz ainda uma contextualização dos custos para os bancos do atual excesso de liquidez (designadamente excessivos depósitos que não transforma em crédito), referindo que ter dinheiro depositado junto do Banco Central Europeu tem um custo de 40 pontos base que tem levado bancos a baixarem a remuneração dos depósitos, isto quando os indexantes dos juros estão baixos e assim devem continuar.
Diz ainda a CGD que há bancos europeus que cobram para receber dinheiro dos clientes, casos de Alemanha, Suíça e Holanda. Em Portugal é proibido por lei taxas de juro negativas.
A CGD termina o comunicado a falar da "imaterialidade dos juros" das poupanças, a que associa um quadro com exemplos de poupanças e juros, demonstrando que uma poupança de 5.000 euros a seis meses refere juro de 27 cêntimos e a 12 meses de 54 cêntimos. Já com 25 mil euros de poupança varia entre 1,35 euros a seis meses e 2,70 a 12 meses.
C/ Lusa