Covid-19. Guiné-Bissau vai enfrentar "sérios problemas de dívida", diz ex-ministro

por Lusa

O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau Geraldo Martins disse hoje que o país vai enfrentar "sérios problemas de dívida" e terá de escolher entre pagar aos credores ou garantir o desenvolvimento da economia.

"Vai haver sérios problemas de dívida porque independentemente da prorrogação da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) até fim do ano ou por mais algum tempo, mais tarde ou mais cedo a Guiné-Bissau terá de retomar o pagamento da dívida e isso vai obrigar a uma escolha entre o pagamento da dívida e as despesas para o desenvolvimento, nomeadamente na saúde", disse Geraldo Martins, na conferência online sobre "A Pandemia da Dívida: Que Impactos para Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique?".

Na conferência, organizada pela Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) e pela Plataforma Portuguesa das ONG para o Desenvolvimento, o antigo governante afirmou que "a questão da austeridade vai colocar-se" devido às dificuldades de financiamento que o país tem.

"Na Guiné-Bissau há um problema de transferência e gestão de recursos, o país até beneficiou da janela de financiamento de 750 milhões de dólares [615 milhões de euros] da União Económica e Monetária Oeste-africana (UEMOA), mas as medidas de proteção social não tiveram lugar, os sistemas de saúde e de educação continuam numa situação precária, e isto coloca questões sobre a liderança política e a necessidade de reforçar a gestão macroeconómica para haver confiança dos parceiros em termos de ajuda pública ao desenvolvimento", argumentou o antigo ministro.

A dívida, concluiu, tem aumentado porque a ajuda que o país tem recebido para sustentar os investimentos para o desenvolvimento não são suficientes e, recentemente, a pandemia de covid-19 teve um impacto muito forte "no setor terciário, por causa das medidas de confinamento, mas também devido à descida do preço do caju, que teve um efeito muito negativo no setor primário".

África registou mais 388 mortos devido à covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 133.174 óbitos, e mais 12.852 casos, com o número de infetados a subir para 4.951.177, segundo os dados oficiais mais recentes.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.739.777 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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