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Governo chinês acusado de montar rede de ciber-espionagem industrial

por RTP
Kacper Pempel, Reuters

Após anos a tentar resolver a questão nos bastidores, os Estados Unidos e o Reino Unidos acusam Pequim de ter criado uma equipa de hackers para saquear computadores no Ocidente. Violação de computadores e acesso indevido a informação sensível de empresas e agências do governo norte-americano, roubo de segredos comerciais: Londres e Washington levantaram agora o véu do que dizem ser uma ciber-campanha espalhada pela Ásia, Europa e América.

A acusação contra dois cidadãos chineses, Zhu Hua e Zhang Shillong, já entrou no Tribunal Federal de Manhattan. Em causa está a actividade de pirataria informática contra interesses norte-americanos de sectores sensíveis como as Forças Armadas e o comércio e tecnologias de defesa.

A acção sustenta que a rede de hackers está longe de se comportar como um gang de malfeitores a agir por conta própria, encontrando-se, de facto, ao abrigo e sob os auspícios da principal estrutura chinesa de espionagem, o Ministério da Segurança de Estado.A acusação que entrou no tribunal refere que as principais vítimas deste esquema vão desde o sector da aviação e espacial até às farmacêuticas.

No que é tido como uma acção concertada com as autoridades chinesas, o grupo terá logrado o acesso aos computadores de pelo menos 45 organismos, incluindo empresas de tecnologia comercial e de defesa norte-americanas, e várias agências ligadas ao governo dos Estados Unidos.

Os hackers ter-se-ão também apropriado ilicitamente de informação relativa a 100 mil elementos da Marinha norte-americana, de acordo com The Guardian, o que representa um quinto dos seus quadros.

Face à delicadeza do caso, os governos ocidentais terão procurado resolver o assunto com Pequim em conversas de bastidores durante dois anos, com a própria primeira-ministra britânica, Theresa May, a intervir no processo.A informação militar também estará nos objectivos do grupo de hackers.

No entanto, e perante a alegada continuação da actividade do grupo, Londres e Washington desistiram da solução diplomática, não hesitando em tornar a questão pública com a acusação que entrou no Tribunal de Manhathan.

Trata-se de uma acusação inédita, a que entrou na Justiça: pela primeira vez, Pequim é ligada por governos ocidentais a uma ciber-campanha que tem como finalidade o furto em massa de propriedade intelectual e comercial. A informação militar também não estará a ser desdenhada pelo grupo, como sublinha a acusação.

O Reino Unido assinala o facto de terem sido quebrados compromissos bilaterais que vinculavam Pequim no plano internacional.
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