A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, questionou a credibilidade do Banco de Inglaterra por bloquear o acesso do governo venezuelano às reservas de ouro que foram depositadas nesse banco.
Delcy Rodríguez, que também é ministra de Economia e Finanças, falava durante a sessão de abertura da 77.ª Assembleia Anual da Federação de Câmaras de Comércio da Venezuela (Fedecâmaras), a que assistiu como convidada especial.
Durante a sua intervenção, Delcy Rodríguez acusou o parlamento eleito em 2015, que foi dominado pela oposição aliada a Juan Guaidó, de durante cinco anos ter entregado a soberania e de se ter apropriado indevidamente do património dos venezuelanos.
"Devido a essa entrega, hoje, a Venezuela está a travar uma batalha histórica pelo ouro que pertence a todos os venezuelanos, na Inglaterra", disse.
A governante questionou "quem pode ter confiança em depositar ouro (...) no Banco de Inglaterra, se no dia de amanhã pode ocorrer a qualquer embaixador não reconhecer um governo, para ficar com os recursos de um país".
Delcy Rodríguez frisou ainda que há mais de 6.000 milhões de dólares bloqueados em bancos europeus e dos Estados Unidos.
Em 19 de julho, o Governo britânico tentou impedir o Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, de obter o acesso a quase 1.650 milhões de euros em ouro depositados no Banco da Inglaterra, um caso que começou a ser analisado pelo Supremo Tribunal do Reino Unido.
O executivo disse ao tribunal que o reconhecimento do líder da oposição, Juan Guaidó, como Presidente, é claro e de longa data, e que, portanto, ele é a pessoa autorizada a decidir como deve ser usado o ouro em poder do banco central britânico.
Governo cria grupo de trabalho para substituir importações por produção nacional
Na ocasião Delcy Rodríguez anunciou a criação de um grupo de trabalho com empresários privados da Venezuela, para substituir as importações de produtos por produção nacional.
"O presidente Nicolás Maduro pediu-me para fazer o seguinte anúncio: estabelece-se uma mesa (de trabalho) entre o governo nacional e o setor privado para que tragam produtos que possam ser utilizados para substituir os produtos importados por produtos nacionais, e nessa base desenvolver políticas para impulsionar a produção nacional", disse.
A governante explicou que a mesa de trabalho faz parte das ações governamentais para garantir o fortalecimento da produção nacional e substituir as importações, sendo necessária "a participação dos setores económicos privados para desenvolver as potencialidades produtivas que a Venezuela tem".
Segundo Delcy Rodríguez, "é difícil compreender" o que acontece atualmente no país, "porque não se pode entender a economia venezuelana sem entender que é uma economia sob assédio e agressão económica externa".
A governante recordou que os Estados Unidos e vários países aplicaram sanções contra a Venezuela, que alegadamente afetariam apenas os funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro, mas os mecanismos financeiros estão limitados a nível internacional, afetando também os empresários privados.
"Há praticamente 35 países vítimas de agressões económicas (...) e a Venezuela, em apenas cinco anos, passou a ser o 6.º país com maior quantidade de pessoas jurídicas, naturais, públicas e privadas, sancionadas ilicitamente", disse.
Para a governante, as sanções internacionais contra a Venezuela "constituem uma agressão internacional".