Economia
Marques dos Santos admite surpresa pelo fim do Banif
Começa a comissão de inquérito. Depois do caso BES, o Parlamento acolhe os principais protagonistas do Banif para tentar esmiuçar a situação que levou ao colapso do banco e à venda de parte da atividade ao Santander. Marques dos Santos, ex-administrador da instituição, é o primeiro ouvido. O ex-presidente disse que a resolução do banco o surpreendeu e afirmou desconhecer processos judiciais que estejam em curso contra o Banif Brasil, nomeadamente ligações ao caso Lava Jato.
Marques dos Santos foi Presidente do Banif até 2012. O ex-administrador deixou logo a data na curta declaração inicial que antecedeu as questões dos deputados. Joaquim Marques dos Santos garante que, a partir de 2012, “nunca” teve “contactos formais com os órgãos sociais do banco”. “Tudo o que conheço é o que vem na comunicação social”, afirmou.
Questionado pela deputada Margarida Mano, o ex-administrador admitiu que a resolução aplicada ao Banif o surpreendeu. Antes, o antigo presidente executivo do Banif tinha já lembrado que o banco procurou entre 2010 e 2011 "no Brasil, Espanha e Reino Unido" capitalizar a instituição.
"Por uma razão ou outra não conseguimos", reconheceu o ex-administrador.
O antigo administrador garantiu que a viabilidade do banco “nunca esteve em causa”. A instituição acabou por recorrer a um crédito público de 1,1 mil milhões de euros – um valor muito superior aos 400 milhões de euros que Marques dos Santos avançou serem necessários no princípio de 2012.
Questionado sobre o porquê deste aumento de necessidade de financiamento, Joaquim Marques dos Santos respondeu: "Não sei explicar, não estava lá, não sei. Certamente que haverá fundamentos", reconheceu, mas disse não ser a pessoa indicada para os descrever.
"Teve um peso"
Marques dos Santos foi vice-presidente do Banif durante a presidência de Horácio Roque. Depois da morte do fundador, em 2010, assumiu a liderança até 2012.
Na comissão de inquérito, Marques dos Santos apontou que a morte do histórico presidente do Banif “teve um peso”, uma vez que “era a cara do grupo” e dificultou a procura de alternativas à linha de crédito da troika.
O ex-administrador explicou que não participou na auditoria forense realizada em 2014 pelo Banco de Portugal.
“Alguns problemas”
Sobre a situação no Brasil, o ex-administrador admitiu que houve “alguns problemas”, apontando que “a história ainda está por fazer”. Marques dos Santos acrescentou que houve operações feitas pela direção residente e que foram detetadas pelo Banco do Brasil como não sendo “as mais corretas”, com o próprio a ser investigado.
“Eram operações ligadas a exportações do Brasil”, antes de acrescentar que são “operações que correram mal e, portanto, ficaram por pagar”.
Sobre eventuais ligações entre o Banif e a operação Lava Jato, recentemente noticiadas pelo Expresso, Marques dos Santos refere que não sabe se Allan Toledo era quadro do Banif. Tolledo foi vice-presidente do Banco do Brasil e foi detido pela polícia brasileira no verão passado.
O ex-administrador afirma não ter conhecimento de qualquer processo judicial contra o Banif Brasil.
Comissão de inquérito
Na Assembleia da República, os deputados da comissão de inquérito à resolução do Banif abriram aquela que é a primeira de seis dezenas de audições. Depois de Marques dos Santos será ouvido Jorge Tomé, o último presidente do banco.
Entretanto, o presidente da comissão de inquérito reconheceu que Vítor Gaspar não prevê vir a Portugal “nos próximos meses”. O ex-ministro das Finanças vive em Washington e manifestou disponibilidade em colaborar com os trabalhos, mas lembrou a “limitação” de residir no estrangeiro.
Tal como aconteceu no caso BES, os parlamentares tentam perceber os acontecimentos que levaram à queda do Banco Internacional do Funchal.
A medida de resolução aplicada ao banco foi anunciada a 20 de dezembro, já pelo Executivo de António Costa, depois de anos em que as dificuldades do banco foram amplamente noticiadas. Quando foi aplicada a medida de resolução, a maioria do capital do banco estava já nas mãos do Estado.
A medida de resolução passou pela venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros. Os restantes ativos, incluindo os tóxicos, foram transferidos para a sociedade veículo Oitante. Uma medida que implicou uma injeção do Estado superior a 2,4 mil milhões de euros.
c/ Lusa
Questionado pela deputada Margarida Mano, o ex-administrador admitiu que a resolução aplicada ao Banif o surpreendeu. Antes, o antigo presidente executivo do Banif tinha já lembrado que o banco procurou entre 2010 e 2011 "no Brasil, Espanha e Reino Unido" capitalizar a instituição.
"Por uma razão ou outra não conseguimos", reconheceu o ex-administrador.
O antigo administrador garantiu que a viabilidade do banco “nunca esteve em causa”. A instituição acabou por recorrer a um crédito público de 1,1 mil milhões de euros – um valor muito superior aos 400 milhões de euros que Marques dos Santos avançou serem necessários no princípio de 2012.
Questionado sobre o porquê deste aumento de necessidade de financiamento, Joaquim Marques dos Santos respondeu: "Não sei explicar, não estava lá, não sei. Certamente que haverá fundamentos", reconheceu, mas disse não ser a pessoa indicada para os descrever.
"Teve um peso"
Marques dos Santos foi vice-presidente do Banif durante a presidência de Horácio Roque. Depois da morte do fundador, em 2010, assumiu a liderança até 2012.
Na comissão de inquérito, Marques dos Santos apontou que a morte do histórico presidente do Banif “teve um peso”, uma vez que “era a cara do grupo” e dificultou a procura de alternativas à linha de crédito da troika.
O ex-administrador explicou que não participou na auditoria forense realizada em 2014 pelo Banco de Portugal.
“Alguns problemas”
Sobre a situação no Brasil, o ex-administrador admitiu que houve “alguns problemas”, apontando que “a história ainda está por fazer”. Marques dos Santos acrescentou que houve operações feitas pela direção residente e que foram detetadas pelo Banco do Brasil como não sendo “as mais corretas”, com o próprio a ser investigado.
“Eram operações ligadas a exportações do Brasil”, antes de acrescentar que são “operações que correram mal e, portanto, ficaram por pagar”.
Sobre eventuais ligações entre o Banif e a operação Lava Jato, recentemente noticiadas pelo Expresso, Marques dos Santos refere que não sabe se Allan Toledo era quadro do Banif. Tolledo foi vice-presidente do Banco do Brasil e foi detido pela polícia brasileira no verão passado.
O ex-administrador afirma não ter conhecimento de qualquer processo judicial contra o Banif Brasil.
Comissão de inquérito
Na Assembleia da República, os deputados da comissão de inquérito à resolução do Banif abriram aquela que é a primeira de seis dezenas de audições. Depois de Marques dos Santos será ouvido Jorge Tomé, o último presidente do banco.
Entretanto, o presidente da comissão de inquérito reconheceu que Vítor Gaspar não prevê vir a Portugal “nos próximos meses”. O ex-ministro das Finanças vive em Washington e manifestou disponibilidade em colaborar com os trabalhos, mas lembrou a “limitação” de residir no estrangeiro.
Tal como aconteceu no caso BES, os parlamentares tentam perceber os acontecimentos que levaram à queda do Banco Internacional do Funchal.
A medida de resolução aplicada ao banco foi anunciada a 20 de dezembro, já pelo Executivo de António Costa, depois de anos em que as dificuldades do banco foram amplamente noticiadas. Quando foi aplicada a medida de resolução, a maioria do capital do banco estava já nas mãos do Estado.
A medida de resolução passou pela venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros. Os restantes ativos, incluindo os tóxicos, foram transferidos para a sociedade veículo Oitante. Uma medida que implicou uma injeção do Estado superior a 2,4 mil milhões de euros.
c/ Lusa