"Não me espantaria" que ministro recorresse à requisição civil na greve geral, diz presidente do SNPVAC

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), admite uma "grande" adesão à greve geral de dia 11 de dezembro.

Rosário Lira - Antena 1 /

Imagem e edição vídeo: Pedro Chitas

Mas Ricardo Penarroias teme que os serviços mínimos que vierem a ser decretados sejam desproporcionais e, nesse sentido, diz mesmo que "não se espantaria" se o ministro da tutela avançasse com a ameaça da requisição civil.
Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Ricardo Penarroias, que lidera um sindicato independente, justifica a adesão à greve por uma questão de responsabilidade social e considera mesmo que o documento tem de regressar "ao zero", mudanças cirúrgicas não bastam.
Lembra que, se o documento, tal como está, for aprovado pela Assembleia da República, novas greves poderão acontecer, porque, nessa altura, a responsabilidade passa do lado do Governo para as empresas.
Sobre a privatização da TAP, Ricardo Penarroias não tem dúvidas que é um erro. Considera o caderno de encargos "miserável" e diz que a vontade do Governo em privatizar a TAP é "exacerbada" e "doentia". Segundo o dirigente sindical, a 31 de dezembro, com o fim das restrições do plano de restruturação imposto por Bruxelas, a companhia teria capacidade para crescer com a liderança da atual Administração.
Não percebe como é que é Miguel Pinto Luz está a liderar o processo de privatização, mesmo quando o Ministério Público está a investigar o que aconteceu na privatização de 2015, em que também era ele que estava a acompanhar o processo.
Ricardo Penarroias confessa que o que mais o preocupa neste processo de privatização da TAP é a falta de debate público e um assumir da privatização como facto consumado.
Em relação aos candidatos à privatização que apresentaram manifestações de interesse, o dirigente sindical não toma partido porque todos tem vantagens e desvantagens, mas alerta para alguns riscos.
Chama também a atenção para o facto de nada estar a ser dito sobre o pagamento de 300 milhões de euros, devidos aos trabalhadores por conta da decisão do Tribunal Constitucional que deu razão ao sindicato e confirmou a nulidade de uma norma do anterior acordo coletivo de trabalho que discriminava os trabalhadores com contrato a termo. Como a TAP ainda não chegou a acordo para efetuar esses pagamentos, o valor devido aos trabalhadores transita para o futuro comprador.
Em relação à ameaça da Ryanair de encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias, Ricardo Penarroias diz que é "bluff" para conseguir mais vantagens por parte do Governo Regional dos Açores.
Nesta entrevista, e a propósito da decisão do Governo venezuelano de ter proibido a TAP de voar para a Venezuela, o Presidente do SNPVAC não se mostra surpreendido e elogia a atitude proactiva da Administração da TAP por se ter antecipado a outras companhias, colocando a sua tripulação em segurança ao fazer escala em Guadalupe, evitando assim a pernoita na Venezuela.
Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Inês Pinto Miguel, do Jornal de Negócios. 
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