Presidente do Banif garante solidez do banco e critica notícias "não fundadas"

por Christopher Marques

O presidente executivo do Banif garante que a instituição está sólida. Em entrevista à RTP Madeira, Jorge Tomé defendeu que a informação avançada pela TVI "não é fundada" e é "tendenciosa". Tomé defendeu que estas informações vieram abalar a confiança na instituição e que o Estado é prejudicado por isso. O presidente do Banif revelou ainda que há seis investidores internacionais a analisar o banco e que conta ter propostas ainda esta semana.

O presidente executivo do Banif garante que a instituição está sólida. Em entrevista à RTP Madeira, Jorge Tomé defendeu que a informação avançada pela TVI “não é fundada” e é “tendenciosa”.

“Veio perturbar todo um processo estruturado que está em curso, em que a posição do Estado está a ser vendida”, explicou Jorge Tomé. No domingo, a TVI avançou que estaria já tudo pronto para que o Banif sofresse uma intervenção semelhante à realizada no Banco Espírito Santo.

Jorge Tomé ressalva que a notícia avançada pela TVI veio “abalar a confiança na instituição”, como se tem verificado no mercado de ações. Esta segunda-feira, a cotação fechou em oito centésimas de cêntimo. Ou seja, um euro dá para comprar 1250 ações do Banif. Jorge Tomé frisa ainda que vários órgãos de comunicação social falam do Banif por “tuta e meia”.

Entretanto, a instituição continua à procura de comprador para a participação do Estado. Jorge Tomé garantiu que a negociação para a venda da instituição está a “correr muito bem”, frisando que este é um processo “estruturado” e que há seis investidores internacionais a analisar o banco.

“Contamos, durante esta semana, ter propostas de alguns destes investidores”, revelou o presidente.

A participação do Estado
O banco procura agora vender a participação de 60,53 por cento que o Estado detém na instituição. Esta participação pública resulta dos 700 milhões de euros que o Estado injetou na instituição em 2013.

Na altura, o Tesouro emprestou ainda 400 milhões de euros em instrumentos de capital contingente, os chamados CoCos, dos quais 275 milhões de euros foram já reembolsados - falta ainda devolver uma última parcela, no valor de 125 milhões de euros.

O reembolso desta última tranche de CoCos deveria ter sido feito no início do ano, mas ainda não deu entrada nos cofres públicos. Jorge Tomé atribui ao colapso do BES a culpa para este atraso.

“Teve um impacto bastante negativo no Banif, foi por isso que o Banif não pagou esta última tranche dos chamados CoCos de 125 milhões de euros”, disse na entrevista à RTP Madeira.

O presidente executivo do Banif nega que o banco possa encerrar, apelidando mesmo este cenário de “disparate perfeito”. Também uma eventual fusão do Banco Internacional do Funchal com a Caixa Geral de Depósitos é descartada pelo banqueiro.

“Os depositantes e contribuintes podem estar descansados”, disse Jorge Tomé, ressalvando a posição de “liquidez confortável” do banco. “A minha mensagem hoje é uma mensagem de serenidade e tranquilidade para todos os clientes do banco”, afirmou.
“Banco do Estado português”
Na entrevista à RTP Madeira, Jorge Tomé frisou ainda que, atualmente, o Estado português detém mais de 60 por cento da instituição. Posto isto, Tomé defende que “na prática, é um banco do Estado português”, havendo “articulação permanente” com o Governo.

A participação maioritária do Estado corresponde à injeção de 700 milhões de euros que foi realizada na instituição. Fruto da desvalorização das ações do banco, a participação poderá ser vendida por um valor inferior.

“As ações do banco estão ao preço que estão, fruto de todas estas notícias que só desvalorizam o ativo. Obviamente que quem vai ser prejudicado por isso vai ser o Estado”, afirmou Jorge Tomé.

Perante as notícias, muitos correram aos balcões e procuraram levantar os seus depósitos. Sem avançar números, Jorge Tomé admitiu que foram levantados “montantes de algum vulto” mas mostrou confiança que, estando “o banco francamente bem”, “todo este movimento vai ser muito temporário”.

pub