Produtores com algumas dificuldades no escoamento para restaurantes e hotéis

por Lusa

O presidente da federação das organizações de produtores de frutas e hortícolas defendeu hoje que o setor está a sentir dificuldades no transporte dos alimentos e no escoamento, sobretudo de frescos, para hotéis, restaurantes e cafés, perante a covid-19.

"Houve um grande aumento da procura, há 15 dias, mas depois estabilizou, mas quem está a produzir para o canal Horeca [hotéis, restaurantes e cafés], nalguns produtos, como alfaces, já está a ter grandes dificuldades de escoamento", apontou o presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), em declarações à Lusa.

Conforme explicou Domingos dos Santos, em causa estão produtos "com janelas de colheita na ordem de uma semana", por isso, a sua dificuldade de escoamento implica prejuízos para os produtores.

Por outro lado, o setor também tem registado algumas dificuldades ao nível do transporte dos hortícolas e frutas e no cumprimento de horários.

"Todo o processo nas centrais logísticas é mais lento. Começa a haver mais entropias", notou.

O presidente da direção da FNOP sublinhou ainda que o setor precisa de mais apoios para fazer face ao impacto da pandemia, porém, admitiu que o Governo pode não ter capacidade para isso, uma vez que a covid-19 tem afetado todos os setores.

Contudo, lembrou que para ajudar a agricultura podem ser agilizadas algumas ferramentas da Política Agrícola Comum (PAC), acrescentando que a FNOP tem estado, diariamente, em contacto com o Ministério da Agricultura, tendo já manifestado as suas preocupações.

Domingos dos Santos perspetivou ainda que, embora se possa registar, no imediato, algum excesso de produção, dentro de três ou quatro meses, poderá existir carência de alguns produtos.

"Nós somos deficitários numa grande parte do que comemos, por exemplo, peixe, cereais, rações para animais e batatas. Perante as restrições que podem ocorrer nos outros países, o que hoje poderá ser um excesso, num curto prazo, pode ser uma carência", concluiu.

Portugal regista hoje 60 mortes associadas à covid-19, mais 17 do que na quarta-feira, e 3.544 casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

 

 

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