SIMM acusa Antram de dificultar organização da greve e serviços mínimos

por Lusa

Lisboa, 08 ago 2019 (Lusa) -- O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias acusou hoje a Antram de "dificultar a organização da greve e dos serviços mínimos", por ainda não ter comunicado aos representantes dos trabalhadores a matrícula dos veículos a utilizar durante a paralisação.

"A Antram [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] já começou por nos dificultar a tarefa da definição dos serviços mínimos. Na ata [da reunião] que houve no Ministério do Trabalho ficou registado que as empresas teriam que enviar aos dois sindicatos subscritores as matrículas dos veículos que normalmente fazem serviços e as matrículas dos veículos que vão estar a circular durante o período de greve", afirmou o porta-voz do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), Anacleto Rodrigues, em declarações à Lusa.

De acordo com o responsável, esta medida tem em vista controlar "se há ou não uma tentativa pelas partes patronais de tentar furar a greve dos trabalhadores".

"O prazo terminou às 23:59 de ontem [quarta-feira] e a Antram ainda não nos fez chegar nada. Eles conhecem essa obrigação, está registado em ata", assegurou.

Por outro lado, o SIMM, à semelhança do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), vai entregar ainda hoje uma providência cautelar para impugnar os serviços mínimos decretados pelo Governo.

"Serviços mínimos de 50%, 75% e 100% [correspondem] a um dia normal de trabalho e não a um dia de greve. Como se não bastasse, declara o estado de emergência energética que vai colocar militares e outros agentes a conduzir camiões", sublinhou.

Anacleto Rodrigues vincou ainda que a formação que está a ser dada a estes profissionais é "insuficiente" e disse que o Governo será responsável por qualquer acidente que possa vir a acontecer.

"As associações que representam estes profissionais já vieram dizer que muitos desses homens têm carta de pesados, mas já há muitos anos e que, desde aí, nunca mais conduziram", defendeu.

O porta-voz do SIMM notou ainda que para exercer esta atividade, os motoristas têm que frequentar um curso básico de 140 horas, bem como outras formações complementares que correspondem a mais de 60 horas, a que acresce um curso específico "que consiste em conduzir uma cisterna carregada ou a meia carga e fazer manobras apertadas para testar os reflexos e para que os motoristas possam adquirir capacidades de condução defensiva".

Portanto, a formação que o Governo anunciou que estará a ser dada a cerca de 500 profissionais "será de todo insuficiente", reiterou.

A agência Lusa contactou a Antram para obter um comentário a estes assuntos, mas ainda não obteve resposta.

O SIMM vai realizar no sábado dois plenários, o primeiro decorrerá pelas 09:30 em Leiria e o segundo, já em conjunto com o SNMMP, pelas 16:00, em Aveiras.

O Governo decretou na quarta-feira serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias que se inicia no dia 12 por tempo indeterminado.

Os serviços mínimos serão de 100% para abastecimento destinado à REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, portos, aeroportos e aeródromos que sirvam de base a serviços prioritários.

O Governo decretou ainda serviços mínimos de 100% para abastecimento de combustíveis para instalações militares, serviços de proteção civil, bombeiros e forças de segurança.

Também para transporte e abastecimento de combustíveis, matérias perigosas, medicamentos e todos os bens essenciais destinados ao funcionamento dos hospitais e centros de saúde, entre outras unidades de saúde, o executivo decretou serviços mínimos de 100%.

O Governo fixou os serviços mínimos para a greve depois das propostas dos sindicatos e da associação patronal Antram terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluíam trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

Também na quarta-feira, o Governo decretou, preventivamente, estado de emergência energética, no âmbito do pré-aviso de greve, permitindo a constituição da REPA, com 54 postos prioritários e 320 postos de acesso público.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo SIMM, que acusam a Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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