Trabalhadores de `fast-food` dos EUA exigem 15 dólares por hora e um sindicato

Miami, Estados Unidos, 16 mai (Lusa) -- Trabalhadores de estabelecimentos de comida rápida protestaram, esta quinta-feira, em várias dezenas de cidades dos Estados Unidos para reivindicar um salário mínimo de 15 dólares por hora (10,9 euros) e o direito a um sindicato.

Lusa /

As manifestações inserem-se no quadro de uma greve convocada por outros trabalhadores em 230 cidades em todo o mundo.

Ecoando gritos como "McDonald`s estamos aqui" e erguendo cartazes com mensagens como "Melhores salários para uma economia mais forte" ou "Juntos pelos 15 dólares e um sindicato", os manifestantes, na sua maioria imigrantes, marcharam pelas mais importantes cidades norte-americanas, não obstante, por vezes, a chuva e o vento.

Na praça de Times Square, em Nova Iorque, viram os turistas abrandar o passo para observar o protesto que realizavam junto a uma pizzaria na zona comercial sempre cheia de turistas e nova-iorquinos.

"Estou aqui a lutar contra as injustiças que são cometidas contra os trabalhadores. Nós merecemos respeito por parte deles que fazem milhões de dólares às custas dos nossos esforços", afirmou o mexicano Próspero Sánchez, citado pela agência Efe, apontando que "trabalhou no duro" ao longo de 14 anos, para a Domino`s e que apenas ganha 11,50 dólares (8,4 euros) por hora.

Apesar do esforço "pagaram-me com o despedimento. Estive dois meses sem emprego e procurei ajuda junto da união", indicou Sánchez, contando que na sequência disso foi readmitido no estabelecimento, vigiado pela polícia, realçando que a indústria de `fast food`, cuja força laboral é composta em dois terços por mulheres, gera 200.000 milhões de dólares por ano.

Os trabalhadores contaram durante a manifestação em Nova Iorque com o apoio de vários deputados e de outros políticos e líderes religiosos.

Em Chicago, apesar da chuva, um grupo de manifestantes, com uma banda de `mariachis` junto ao espaço Rock `n` Roll do McDonald`s, no centro da cidade, onde gritaram em espanhol: "O que queremos? 15 dólares. Quando queremos? Agora!".

Nazly Damasio, porta-voz da campanha "Luta por 15", disse que os trabalhadores reclamam um salário mínimo nesse valor e o direito a pertencer a um sindicato, sem medo de represálias.

"Eles ganham milhares de milhões de dólares e os seus trabalhadores vivem na pobreza. 52% destes trabalhadores são pais e mães de crianças que têm de depender de assistência pública para chegar ao final do mês", acrescentou.

Segundo os organizadores, em Chicago, os estabelecimentos de comida rápida pagam, regra geral, o salário mínimo estatal de 8,25 dólares (6 euros), sem outro tipo de regalias ou horários fixos.

Em Los Angeles, os protestos não afetaram o serviço, apesar de os imigrantes terem mostrado a sua preocupação e desacordo relativamente à situação.

"Como posso manter a minha casa e os meus dois filhos com um salário de 10 dólares por hora?", questionou Ana Martínez, que trabalha para a cadeia Burger King.

Uma investigação realizada pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, revela que o custo de programas de assistência pública para trabalhadores de restaurantes de comida rápida que não conseguem suportar as despesas familiares, é de 17.000 milhões de dólares anuais.

Em Miami, os manifestantes concentraram-se num McDonald`s e num Wendy`s.

"Estamos aqui para apoiar os funcionários de estabelecimentos de comida rápida que, atualmente, trabalham quase todos os dias em `part time`, sem benefícios e com um salário mínimo que na Florida é de 7,93 dólares (5,7 euros) por hora", disse à agência Efe Kathy Bird, organizadora da Coligação de Imigrantes da Florida.

A ativista explicou que os protestos fazem parte de um movimento global que reivindica um melhor salário e uma vida digna para os trabalhadores.

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