Tribunal homologou hoje a revitalização da Adega de Santa Marta de Penaguião

por Lusa

Santa Marta de Penaguião, 26 jul (Lusa) -- O Tribunal da Régua homologou hoje o Plano Especial de Revitalização (PER) da Adega de Santa Marta de Penaguião, que visa o pagamento da dívida de cerca de 20 milhões de euros aos credores.

A `Caves Santa Marta` é a maior adega da Região Demarcada do Douro, com 1.800 associados.

Manuel Cruz, presidente da direção da cooperativa, disse hoje à agência Lusa que o PER, que foi votado favoravelmente por 89% dos credores, foi entregue a 29 de janeiro no Tribunal da Régua.

O tribunal tinha um prazo de 10 dias para se pronunciar, acabando por anunciar só hoje a homologação do PER.

Manuel Cruz disse à agência Lusa que o PER representa a sobrevivência da adega, evitando todo o tipo de penhoras.

"No fundo o plano de recuperação vincula todos os credores", salientou.

O plano, que pode ser implementado a partir de agora, pressupõe, entre outras medidas, a dilatação da dívida em dez anos, com mais dois de carência. Para os viticultores, foram suspensos os pagamentos das uvas referentes às colheitas de 2010 e 2011.

O estudo de viabilidade foi elaborado pela Deloitte e financiado pela Câmara de Santa Marta de Penaguião.

A adega de Santa Marta de Penaguião aderiu ao Programa Revitalizar, uma iniciativa do Governo lançada há um ano e meio com a "missão de otimizar o ambiente legal, tributário e financeiro do tecido empresarial português, tendo em vista a revitalização de empresas economicamente viáveis, que se encontram numa situação financeira desfavorável ou desajustada do seu modelo de negócio".

Na campanha 2012, com vista à contenção de custos, foram encerradas as adegas da Cumieira e Medrões e foi centralizada toda a vinificação em Santa Marta de Penaguião, onde o trabalho todo foi feito com a mão-de-obra da casa.

Mas, apesar das dificuldades financeiras, os vinhos desta cooperativa destacaram-se este ano, ganhando várias medalhas internacionais em concursos de vinho, o que, para o presidente da direção, "veio confirmar a qualidade" dos vinhos de Santa Marta de Penaguião.

À espera da votação do PER por parte dos credores e da decisão judicial está também a Adega de Alijó.

Luís Coelho, da direção desta cooperativa, disse à Lusa que plano visa essencialmente a reestruturação das dívidas com os bancos, os maiores credores da dívida de cerca de sete milhões de euros.

Entretanto, hoje na Régua, a adega Caves do Rodo anunciou a constituição de uma empresa de comercialização de vinhos do Douro, que faz parte da reestruturação da cooperativa.

"Com esta separação entre a produção e a comercialização, pretendemos separar aquilo que deve ser o negócio puramente cooperativo - a produção - daquilo que deverá ter um forte pendor privado e profissional - a comercialização", explicou o presidente da adega António Lencastre.

Esta nova empresa prevê um volume de negócios de cinco milhões de euros, num período de três anos.

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