António Guterres pede solução negociada com os rohingya em Myanmar

por Lusa
Manifestante segura cartaz durante protesto contra o tratamento de Mianmar à minoria muçulmana rohingya Reuters (arquivo)

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu à junta militar que assumiu o poder em Myanmar (antiga Birmânia), em 2021, que inclua os rohingya numa solução para a crise política do país.

Há cinco anos, nesta data, mais de 700 mil mulheres, homens e crianças rohingya fugiram de Myanmar para o Bangladesh para escapar a alegados assassinos e violações em massa cometidas pelos militares.

O conflito de longa data começou em 25 de agosto de 2017, quando os militares lançaram o que chamaram de uma campanha de limpeza na província de Rakhine, no oeste do país, em resposta a ataques contra a polícia e guardas fronteiriços por militantes rohingya.

Guterres sublinhou "as aspirações incansáveis por um futuro inclusivo" para os rohingya, que enfrentam discriminação generalizada em Myanmar, cuja população é de maioria budista, disse na quarta-feira o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.

As autoridades birmanesas têm negado cidadania à maioria dos rohingya, alegando que são imigrantes ilegais.

Em janeiro de 2020, o Tribunal Internacional de Justiça, o principal tribunal da ONU, ordenou que Myanmar fizesse tudo o que fosse possível para evitar um genocídio contra os rohingyas.

Dois dias antes, uma comissão independente, criada pelo então governo civil de Myanmar, concluiu que havia razões para acreditar que as forças de segurança tinham cometido crimes de guerra contra os rohingya, mas não genocídio.

O porta-voz da ONU lamentou não haver perspetivas imediatas de retorno dos rohingyas, observando que mais de 150 mil estão ainda confinados em campos no estado de Rakhine, em Myanmar.

António Guterres "sublinha que a participação plena e efetiva do povo rohingya é parte inerente de uma solução liderada por Myanmar para a crise", salientou.

Na segunda-feira, mais de 860 organizações não-governamentais (ONG) pediram à Assembleia-Geral da ONU que elimine o cargo de enviado especial para Myanmar, que entendem ter servido para legitimar a junta militar.

O pedido, enviado através de uma carta, ocorreu depois de a atual enviada especial da ONU para Myanmar, Noeleen Heyzer, ter visitado o país na semana passada e mantido um encontrado com o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, em Naypyidaw.

 

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