Em direto
Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito entre Irão e Israel ao minuto

Ativistas que ajudaram migrantes a entrar em França julgados em tribunal

por Joana Raposo Santos - RTP
Migrantes descansam depois de terem atravessado parte dos Alpes para chegarem à fronteira entre Itália e França Siegfried Modola - Reuters

Os sete ativistas que, em abril, ajudaram um grupo de migrantes a entrar em França através dos Alpes, poderão ter de enfrentar entre quatro a doze meses de prisão. Durante o julgamento, que teve início na quinta-feira no Tribunal Penal de Gap, centenas de pessoas manifestaram-se a favor dos arguidos à entrada das instalações, erguendo cartazes com a frase “a solidariedade tem de ser defendida”.

O grupo de ativistas, constituído por quatro franceses, um italiano, um suíço e um belgo-suiço, é acusado pelas autoridades francesas de ter facilitado a passagem de 20 migrantes pela fronteira entre Itália e França através dos Alpes após uma manifestação na região fronteiriça de Col de Montgenèvre, na qual os requerentes de asilo também participaram.

“Nós não obrigámos nenhum dos migrantes a estarem presentes na manifestação nem a seguir-nos até Briançon”, declarou um dos ativistas, referindo-se a um concelho francês situado nos Alpes para onde os ativistas seguiram após o protesto, tendo por isso ficado conhecidos como “Os Sete de Briançon”.

Defendeu, porém, que “temos de reconhecer o direito destas pessoas a manifestar-se por uma causa que as preocupa”. O grupo de ativistas acredita que a França aplica uma política “repressiva” no que toca ao acolhimento de migrantes.

Em tribunal, o grupo respondeu às acusações de “ajuda coletiva, direta ou indireta, à entrada irregular de estrangeiros em território nacional”. Em sua defesa, alegaram os activistas que não tentaram ajudar os migrantes e que a sua única intenção era protestar contra o grupo francês de extrema-direita Génération Identitaire.

Este grupo extremista, que se opõe ao acolhimento de migrantes, bloqueou em abril a fronteira dos Alpes franceses para impedir a passagem de pessoas em busca de asilo, erguendo uma extensa rede pela neve nas montanhas e desdobrando uma faixa onde se lia “Fronteira fechada, não vão fazer da Europa a vossa casa! De modo algum. Voltem para a vossa terra!”.


O grupo Génération Identitaire viu, em outubro, 22 dos seus membros serem detidos depois de terem invadido a sede da organização humanitária SOS Méditerranée, em Marselha.
"Somos todos migrantes"
Apesar dos argumentos dos “Sete de Briançon”, o procurador Raphael Balland pediu seis meses de pena suspensa contra cinco dos acusados: Benoit Ducos, Bastien Stauffer, Théo Buckmaster, Eleonora Laterza e Lisa Malapert.

Já para o ativista Jean-Luc Jalmain foram pedidos 12 meses de prisão, oito dos quais efetiva, enquanto Mathieu Burellier se arrisca a oito meses de pena suspensa e quatro de prisão efetiva.

À saída do tribunal, os sete ativistas foram recebidos pelos aplausos de centenas de pessoas que manifestavam o seu apoio, erguendo cartazes com as frases “a solidariedade tem de ser defendida” e “eu sou, tu és, nós somos todos migrantes”.
Tópicos
pub