Balão abatido faz subir tom da discórdia entre Estados Unidos e China

por RTP
Randall Hill - Reuters

O abate de um balão chinês por parte dos Estados Unidos está a levar a uma escalada do diferendo entre os dois países. Os norte-americanos recolhem os destroços do dispositivo no Oceano Atlântico e a China acusa Washington de ter uma reação “exagerada”, alertando para as consequências que pode vir a ter nas relações bilaterais entre os dois países.

“Deixámos a nossa posição clara à China sobre o que vamos fazer. Eles percebem a nossa posição. Não vamos recuar”, afirmou o presidente norte-americano.

Antony Blinken, secretário de Estado, tinha viagem marcada à China, mas acabou por cancelar depois de o balão ter sido descoberto a voar sobre o território dos Estados Unidos, avisando o homónimo chinês das ações que iriam ser tomadas.

Ned Price, porta-voz do secretário de Estado, acrescentou que os chineses teriam feito o mesmo: “Imaginem que era um balão norte-americano a sobrevoar a China, assim podemos imaginar a resposta de Pequim”.

Os destroços do balão abatido no domingo estão a ser recolhidos pela marinha norte-americana na costa da Carolina do Sul. John Kirby, porta-voz da Casa Branca para assuntos de segurança, explicou que os Estados Unidos vão agora estudar as peças que faziam parte do balão para compreender o funcionamento do engenho.

Apesar de os Estados Unidos desvalorizarem o abate, a China não partilha da mesma opinião e argumenta que o balão apenas saiu de rota. Xie Feng, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, apresentou uma queixa formal na embaixada norte-americana, acusando Washington de exagerar na reação aquando do abate do balão.

“Os factos são claros, mas os Estados Unidos não quiserem ouvir e insistiram em usar o uso de força indiscriminada contra um balão civil que estava a sobrevoar o espaço aéreo norte-americano. É, obviamente, uma reação exagerada e uma violação clara do espírito e lei internacionais”, disse Xie Feng.

O representante chinês disse também que os Estados Unidos deram um “forte golpe” na tentativa de estabilização das relações entre os dois países, desde a cimeira que juntou Joe Biden e Xi Jinping em novembro.

“A China opõe-se de forma resoluta e protesta contra este abate, e pede aos Estados Unidos para acalmarem-se nas próximas ações que possam prejudicar os interesses da China e escalar tensões”.

Este incidente acontece num contexto de grandes tensões entre China e Estados Unidos. Assuntos relacionados com Direitos Humanos e a questão de Taiwan têm separado os dois países e a China afirmou que este acontecimento foi um teste para os norte-americanos, na vontade que demosntram em estabilizar relações bilaterais.

Mao Ning, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros da China, acusou os Estados Unidos de terem exagerado o incidente e de terem usado força militar para abater o avião. A China também confirmou que balão avistado na América Latina é chinês.


O Japão também veio a público dizer que avistou, pelo menos duas vezes desde 2020, um balão parecido com aquele que os Estados Unidos abateram.
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