Blue Origin entrega `maqueta` em tamanho real de novo Módulo Lunar à NASA

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Blue Origin/DR

Objetivo Lua em 2024. Este é a meta que a NASA está empenhada em atingir e quer que todos os meios estejam prontos para essa data. Neste sentido as operadoras privadas, que a agência espacial norte americana contratou para construir os meios de transporte, demonstram ter já algum avanço nestes sistemas.

Exemplo disso é a entrega do modelo de ensaio, em tamanho real, do novo Módulo Lunar (ML) que está a cargo da Blue Origin, uma das três empresas que trabalham nos conceitos para a construção da sonda lunar para o programa Artemis da NASA.

A ‘maqueta’ foi entregue na última quinta-feira (20 de agosto) nas instalações do Centro Espacial Johnson, onde se encontram os simuladores reais dos equipamentos espaciais, entre eles a cabine do antigo modelo STS Space-Shuttle.


Muito embora seja um veículo teste de baixa fidelidade, inclui equipamento que servirá para engenheiros e astronautas começarem os seus treinos e experiências.

Neste modelo, próximo da sua versão final, encontramos já o módulo de descida lunar, desenvolvido pela Blue Origin, e o módulo de escape ou ascensão, construído por Lockheed Martin. Um modelo com mais de 12 metros de altura.

Esta ‘maqueta’ permite o estudo de resposta do veículo, incluindo o posicionamento dos vários componentes, para um estudo mais adequado do produto final.


Brent Sherwood, vice-presidente de programas de desenvolvimento avançado da Blue Origin, referiu numa entrevista que este modelo é uma forma realista de avaliar o que se vai utilizar.
A NASA apresentou uma verba necessária de 27 mil milhões de euros para a realização do programa HLS para o ano fiscal de 2021, mas um projeto de lei aprovado pela Câmara em julho fornece menos de 530 milhões de euros.
Uma das questões essenciais é a ergonomia da cabine onde os astronautas vão viajar. No local também terão de ser instalados os controlos e monitores. Para além disso os ângulos de visão para o exterior também são de extrema importância, “e não queremos que os tripulantes fiquem privados dessas janelas de observação por instrumentos electrónicos”, explica Brent Sherwood.

Toda a avaliação será feita com recurso a pessoas já equipadas com os fatos espaciais, podendo desta forma testar com maior rigor o espaço e movimentação à entrada e saída do novo ML e equipamento.

“Você na elaboração de um projeto imagina e pensa que está a fazer as coisas certas, mas para saber se realmente funciona há que primeiro experimentar, para obter as verdadeiras respostas e dificulades”, diz Sherwood. "E isto explica o que fazer a seguir."

Apesar dos avanços na realidade virtual, e de muitos dos simuladores se basearem nesse modelo, as empresas aeroespaciais continuam a apostar em modelos físicos, como esta ‘maqueta’ agora entregue à NASA.
A equipa liderada pela Blue Origin é uma das três equipas (Dynetics e SpaceX) que ganhou o prémio de 489 milhões de euros da Human Landing System (HLS) da NASA em abril.
Kirk Shireman, vice-presidente de campanhas lunares da Lockheed Martin Space e antigo gestor da NASA como gerente do programa da Estação Espacial Internacional, refere que com os sistemas de realidade virtual "não conseguem ver a imagem completa, por isso é importante ter um veículo físico também".

Os testes neste modelo em tamanho real também vão poder identificar coisas que os designers esqueceram.


“A parte mais interessante de fazer esse tipo de avaliação é encontrar o que não se pensou”, explica Sherwood. “Haverá surpresas que só serão reveladas com este tipo de ambiente físico, quando alguém o usa, está nele, a vê-lo e sentir.”

Neste modelo, para além da Blue Origin e da Lockheed Martin, a empresa Northrop Grumman está a desenvolver todo o processo de transferência, orientação e deslocação do módulo de alunagem, em órbita lunar, e a própria alunagem.


A Blue Origin continua a realizar testes com o motor BE-7, que alimenta o estágio de descida, no Marshall Space Flight Center, além de trabalhar em tecnologias de armazenamento para os propelentes criogénicos desse motor.

A equipa liderada pela Blue Origin é uma das três (Dynetics e SpaceX) que ganhou o prémio de 489 milhões de euros da Human Landing System (HLS) da NASA em abril.

Apesar destes valores o programa Artemis da NASA em conjunto com as empresas privadas vai precisar de muito mais dinheiro para o colocar em prática até 2024.

A NASA apresentou uma verba necessária de 27 mil milhões de euros para a realização do programa HLS para o ano fiscal de 2021, mas um projeto de lei aprovado pela Câmara em julho fornece menos de 530 milhões de euros.

Um problema que pode colocar em causa todo um desígnio de voltar a colocar um ‘homem e uma mulher’ na Lua.


Sherwood disse que o orçamento incerto é o maior risco de ter um módulo de alunagem pronto para levar os astronautas à superfície da lua em 2024. “Este programa opera na velocidade das apropriações”, explica. “O plano do programa leva-nos lá, mas tudo depende da viabilidade orçamental.”

Apesar das questões orçamentais, Sherwood e Shireman afirmam-se confiantes de que o módulo de alunagem poderá obter o apoio contínuo da NASA e estar pronto em 2024.

“Esta ‘maqueta’, agora entregue nas mãos de astronautas e engenheiros da NASA, é um grande passo nesse esforço [Lua 2024], diz Sherwood. “Este passo é realmente o começo de tudo, para tudo ser realmente real.”
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