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Cabo Verde. José Maria Neves espera eleição à primeira volta

por Lusa
José Maria Neves revelou as suas ideias para implementar caso seja eleito presidente de Cabo Verde D.R.-Facebook

O candidato a Presidente da República de Cabo Verde José Maria Neves afirmou que espera ser eleito na primeira volta, em 17 de outubro, acreditando na vitória "mesmo em condições anormais".

"Eu espero que tudo seja resolvido na primeira volta e estamos a trabalhar para isso, para que estas eleições sejam resolvidas na primeira volta, em condições normais. E mesmo em condições anormais iremos fazer tudo para ganhar estas eleições", afirmou à agência Lusa José Maria Neves, 61 anos, antigo primeiro-ministro de Cabo Verde (2001 a 2016) e apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), que liderou e do qual é militante há cerca de 40 anos.

"Eu gostaria de pedir que houvesse algum distanciamento do governo, a imparcialidade dos órgãos de soberania, a não utilização dos recursos do Estado para a campanha eleitoral. E seriam condições anormais se o governo entrasse, enquanto governo, os ministros, os recursos do Estado, a manipulação de dados disponíveis pelo Estado, a censura à imprensa, o medo. Seriam condições anormais. Mas mesmo assim nós estaríamos a fazer tudo para ganhar, se isso acontecesse", afirmou o candidato.

Estas críticas, repetidas por José Maria Neves nos últimos dias, mereceram entretanto resposta do governo, através da ministra da Justiça, Joana Rosa.

"O governo está estupefacto com a postura do candidato presidencial e acha estranho este comportamento, de quem já exerceu altas funções no Estado e que tem a obrigação de ser mais pedagógico, respeitar as instituições democráticas e não escolher o Governo com adversário", disse a governante, negando as acusações.

Pela frente, na votação de outubro, José Maria Neves terá como principal adversário o também antigo primeiro-ministro Carlos Veiga (de 1991 a 2000), que já conta com o apoio oficial à candidatura, anunciada igualmente em março, do Movimento para a Democracia (MpD, poder), partido que fundou e também liderou.

"É fundamental votar num presidente que une, que cuida, que protege, que aconselha, que sugere, mas também que é um árbitro imparcial da fiscalização governamental, que pode apaziguar os conflitos. Um Presidente que, respeitando as diferenças, respeitando o pluralismo da democracia, trabalha todos os dias para que haja, em cooperação estratégica com o Governo, mais economia, mais emprego, menos pobreza e menos desigualdade em Cabo Verde", afirmou José Maria Neves, prometendo, caso seja eleito, ser um presidente "presente e atuante".

Próximas passos

A campanha eleitoral para as eleições presidenciais em Cabo Verde arranca na quinta-feira e José Maria Neves, que já visitou em pré-campanha as principais comunidades cabo-verdianas na diáspora, na Europa, América e África, promete ir "a todas as ilhas".

Cabo Verde realiza eleições presidenciais em 17 de outubro de 2021, às quais já não concorre Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.

O Tribunal Constitucional anunciou em 24 de agosto que admitiu as candidaturas a estas eleições de José Maria Pereira Neves, Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, Hélio Sanches, Joaquim Jaime Monteiro e Casimiro de Pina.

Esta é a primeira vez que Cabo Verde regista sete candidatos oficiais a Presidente da República em eleições diretas, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.

A campanha eleitoral decorre entre as 00h00 de 30 de setembro e as 23h59 de 15 de outubro e em caso de uma segunda volta, vai acontecer em 31 do mesmo mês.

As últimas presidenciais em Cabo Verde, que reconduziram o constitucionalista Jorge Carlos Fonseca como Presidente da República, realizaram-se em 2 de outubro de 2016 (eleição à primeira volta, com 74% dos votos).

Desejos para implementar

O candidato a presidente de Cabo Verde José Maria Neves afirmou que pretende ser um "árbitro imparcial" do "jogo político" e que se for eleito pretende trabalhar "em cooperação estratégica" com o governo.

"Já fiz coabitação com o Presidente [atual] Jorge Carlos Fonseca, enquanto primeiro-ministro [2001 a 2016], foi um momento muito produtivo para Cabo Verde, de enriquecimento do processo democrático, de afirmação das liberdades civis e políticas e da consolidação do Estado de Direito democrático", afirmou José Maria Neves.

O candidato assume a recuperação da pandemia como principal prioridade e, se for eleito, pretende alargar as reuniões semanais com o governo à oposição, para "construir entendimentos".

"Recebo (caso seja eleito) o primeiro-ministro todas as semanas para falarmos da ação governativa. Pretendo, paralelamente, receber os partidos políticos, da oposição, receber os sindicatos, receber as entidades empresariais e as ordens profissionais, para ouvir a opinião e alargar a discussão e construir pontes, construir entendimentos", afirmou José Maria Neves, questionado pela Lusa sobre as suas principais prioridades no cargo.






































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