China dá sinais de aproximação à Austrália

por Lusa
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, felicitou o seu homólogo australiano que acaba de ser empossado D.R.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, enviou uma mensagem de felicitações ao seu novo homólogo australiano, Anthony Albanese, após meses sem contacto oficial entre os dois países.

"O lado chinês está pronto para trabalhar com o lado australiano, deixar de olhar para trás e pôr os olhos no futuro (...), para promover o crescimento saudável e estável da sua parceria estratégica abrangente", apontou Li, citado pela agência noticiosa Xinhua.

As relações entre Pequim e Camberra atingiram o nível mais baixo desde 2020, após a Austrália ter apelado a uma investigação independente sobre as origens da pandemia.

A Austrália excluiu o grupo chinês de tecnologia Huawei do desenvolvimento da sua rede de telecomunicações 5G (quinta geração). A China, que é o maior parceiro comercial da Austrália, retaliou com a imposição de taxas alfandegárias punitivas contra uma dúzia de produtos australianos, incluindo carvão, vinho e cevada.

As felicitações chinesas acontecem numa altura em que Albanese, que assumiu o cargo na segunda-feira, está em Tóquio, para participar da cimeira do bloco Quad, que reúne Estados Unidos, Índia, Japão e Austrália - uma parceria informal de segurança, que visa combater a influência chinesa na região da Ásia-Pacífico.

Na sua primeira declaração oficial sobre política externa australiana, Anthony Albanese admitiu que as relações sino-australianas vão continuar a enfrentar "dificuldades".

"Foi a China que mudou, não a Austrália. A Austrália terá sempre que permanecer fiel aos seus valores", disse o político de 59 anos.

A Austrália expressou preocupação com a crescente influência de Pequim na região, particularmente após um pacto recente de segurança assinado entre a China e as Ilhas Salomão.

O acordo inclui uma secção que autorizaria à marinha chinesa estacionar nessas ilhas, localizadas a menos de 2.000 quilómetros da Austrália.

Passado recente crispado

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, também é esperado esta semana nas Ilhas Salomão.

"É o nosso maior parceiro comercial, mas a China quer moldar o mundo ao seu redor, de uma forma como nunca vimos antes (...) como fez no Mar do Sul da China", disse o vice-primeiro-ministro australiano Richard Marles.

"A competição estratégica está a intensificar-se na nossa região, no Pacífico", acrescentou, enfatizando que o novo governo "vai garantir que o interesse nacional da Austrália é absolutamente claro".

A rescisão no ano passado pelo governo federal australiano de um acordo assinado pelo Estado de Victoria de adesão à iniciativa chinesa "Uma Faixa, Uma Rota", um grande projeto de infraestruturas internacional proposto pelo presidente chinês, Xi Jinping, também contribuiu para o deteriorar das relações.

Camberra também criticou a China pela sua política repressiva em relação à oposição pró-democracia em Hong Kong e a prisão de dois cidadãos australianos suspeitos de espionagem. Pequim, por sua vez, acusou os serviços de inteligência australianos de terem submetido quatro jornalistas chineses a buscas e interrogatórios.

 

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