A justiça francesa declarou esta segunda-feira a atual diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, culpada de negligência, tendo permitido um importante desvio de fundos públicos quando era ministra. Mas isentou-a de qualquer pena.
O Tribunal de Cassação tinha decidido anular a arbitragem decretada por Lagarde quando era ministra do então Presidente Nicolas Sarkozy, para resolver o contencioso entre o Estado francês e o empresário pela venda da Adidas ao Crédit Lyonnais - à data uma entidade pública.
Por essa arbitragem, o Estado teve de indemnizar o empresário, próximo de Sarkozy, com o argumento de que o banco tinha conseguido um lucro exagerado graças à Adidas.
Affaire Tapie : Christine Lagarde coupable de « négligence » mais dispensée de peine https://t.co/stlfgw7Ttx
— Le Monde (@lemondefr) 19 de dezembro de 2016
O veredicto surgiu agora como uma surpresa, já que o procurador francês encarregue do caso tinha considerado, na semana passada, que o processo era “muito fraco”, não prevendo que desse lugar a uma condenação.
A defesa de Christine Lagarde já prometeu estudar um possível recurso.
FMI reúne-se para analisar o caso
A condenação de Lagarde poderia ter-lhe valido uma sentença de um ano de prisão, que a afastaria da direção do FMI, cargo para o qual foi reeleita para um novo mandato de cinco anos.
Este é o quinto caso a ir a julgamento no Tribunal de Justiça da República, criado em 1993 para processos que envolvam ministros.
Um porta-voz do FMI informou, entretanto, que a direção da instituição deverá reunir-se ainda esta segunda-feira para analisar estes “últimos desenvolvimentos”.
Cristine Lagarde foi titular da pasta das Finanças entre 2007 e 2011, antes de ter assumido a chefia do FMI, na sequência dos escândalos sexuais que envolveram o seu antecessor, Dominique Strauss-Kahn.
Neste caso são ainda arguidos o chefe de gabinete de Lagarde em 2007 e atual presidente da operadora de telecomunicações Orange, Stéphane Richard, e o próprio Bernard Tapie, por "desvio de fundos públicos" e cumplicidade.
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