Cidadãos europeus deverão poder viajar para o Reino Unido sem vistos

por RTP
Fabrizio Bensch - Reuters

O sistema de regulação em vigor no pós-Brexit deverá permitir o livre-trânsito de cidadãos residentes na União Europeia no Reino Unido. No entanto, em casos de permanência prolongada, os cidadãos estarão sujeitos às novas restrições de imigração.

Vários media britânicos revelam esta quinta-feira que o Governo britânico quer continuar a permitir a entrada de cidadãos europeus no país sem requisição de vistos, mesmo depois de estarem concluídas as negociações do Brexit.

No entanto, os responsáveis sublinham que a livre circulação de pessoas, como acontece em grande parte dos países da União Europeia que compõem também o Espaço Schengen, não se aplica automaticamente aos visitantes que pretendam estudar ou trabalhar no Reino Unido.
 
Atualmente, os cidadãos europeus não necessitam de autorização para viver ou estudar no Reino Unido. Segundo os jornais The Guardian e The Times, ou a emissora pública BBC, será necessário um pedido de autorização às autoridades britânicas, sujeitos a aprovação mediante as novas restrições de imigração.  Nos últimos meses, os responsáveis britânicos têm delineado as regras de imigração que deverão vigorar depois de concluídas as negociações com Bruxelas. 

Vários ministros esclareceram que, apesar do controlo exercido sobre as entradas, o Reino Unido não quer vedar por completo a entrada de imigrantes e pretende, inclusive, continuar a permitir às empresas que contratem trabalhadores qualificados, vindos da União Europeia. 

O novo plano delineado pelo Reino Unido no que diz respeito à imigração será divulgado até ao final do ano de 2017. As medidas a aplicar no pós-Brexit poderão ser bastante diferentes das regras vigentes durante um período de transição, que já foi admitido por David Davis, ministro britânico responsável pelas negociações. 

Ouvida pelos media britânicos, grande parte dos deputados conservadores está de acordo com a medida. Questionam, no entanto, como será possível impedir que visitantes permaneçam por mais tempo no país e arranjem trabalho sem a necessidade de um visto. 

O grupo Migration Watch UK considera que a proposta para a permissão de entrada de visitantes é “sensata e proporcionada”, mas acredita que o Governo acabará por gastar mais dinheiro no controlo da imigração e na deteção dos visitantes que conseguem ficar por mais tempo. 
Fronteira polémica
Outra questão em debate no Reino Unido é a das fronteiras terrestres. Na quarta-feira o Governo britânico considerou que não deveria haver uma fronteira física entre a Irlanda do Norte, que pertence ao Reino Unido, e a República da Irlanda, Estado-membro da União Europeia. 

O documento de Westminster considerava que não deveria ser construída uma infraestrutura concreta, nomeadamente postos alfandegários, câmaras de vigilância ou tecnologia de identificação de matrículas. 

Entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda há quase 300 pontos de passagem ao longo de 500 quilómetros, por onde passam todos os dias cerca de 30 mil pessoas. Dublin está contra esta ideia de “fronteira invisível” mas também recusa o regresso a uma barreira física entre os dois territórios. 

A gestão dessa fronteira é uma das questões mais sensíveis e uma das três prioridades estabelecidas por Londres para as negociações de saída. A próxima ronda de negociações com a União Europeia inicia-se a 28 de agosto.
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