Coração de Londres sob ataque um ano depois de Bruxelas

por Christopher Marques - RTP
Facundo Arrizabalaga - EPA

Um ano depois, as homenagens às vítimas de Bruxelas marcaram a manhã. Tudo mudou à tarde, com os olhos a virarem-se para Londres. Um homem começou por abalroar os peões que seguiam na ponte de Westminster, antes de atacar um polícia à entrada do Parlamento britânico. A polícia confirma que há cinco mortos, entre os quais o atacante. Um português ficou ferido mas já teve alta.

A data não poderia ser mais simbólica. Um ano depois do ataque ao aeroporto de Zaventem e ao metro de Bruxelas, todos os olhares viraram-se para Londres. Ao início da tarde, um homem atropelou mais de uma dezena de pessoas que seguiam na ponte de Westminster, junto ao Parlamento britânico e à roda gigante de Londres.

Testemunhas no local indicam que o carro seguia em ziguezague, numa tentativa de provocar o maior número de vítimas possíveis. Um modus operandi que lembra o ataque a Nice que matou 84 pessoas em julho do ano passado.


Esta quarta-feira, em Londres, o homem acabou por embater na vedação, junto ao Palácio de Westminster. À entrada do parlamento britânico, esfaqueou mortalmente um polícia, antes de ser abatido pelas autoridades.

Um helicóptero e várias ambulâncias foram chamados ao local, tendo de imediato sido montado um perímetro de segurança.
Autor inspirado por "terrorismo islâmico"
No Parlamento decorria uma sessão da Câmara dos Comuns onde estavam mais de 300 deputados. Estava também ali Theresa May, a primeira-ministra britânica. Perante os acontecimentos, os trabalhos foram suspensos e a chefe do Governo retirada do edifício. Os restantes deputados ficaram no Parlamento até ao início da noite, quando foi levantado o lockdown.

O gabinete de crise do governo reuniu-se de emergência. As autoridades estão a tratar o caso como um atentado terrorista e pediram às pessoas que testemunharam os acontecimentos para enviarem fotografias e vídeos para a polícia.

O ataque levou ao corte do trânsito e ao encerramento das estações de comboio e do metropolitano.

Pelo menos cinco pessoas morreram, incluído o agente da polícia que foi esfaqueado e o próprio atacante. Os números foram atualizados pela polícia britânica depois das 22h00 desta quarta-feira. Há ainda 40 feridos.

A polícia deu a entender que já conhece a identidade do atacante. Mark Rowley não quis acrescentar detalhes, afirmando apenas aos jornalistas que acredita que o atacante foi inspirado pelo "terrorismo islâmico".

Na primeira declaração pública após o ataque, ao início da noite, a primeira-ministra britânica expressou solidariedade às vítimas e garantiu que o terrorismo não vencerá. May pediu aos britânicos para que não cedam ao terrorismo.

“O Parlamento voltará amanhã ao normal e os londrinos e irão levantar-se e seguir o dia de forma normal. Irão caminhar por estas ruas, irão viver as suas vidas sem nunca desistir perante o terrorismo e nunca permitindo que as vozes do ódio e do mal nos dividam”, afirmou.

A primeira-ministra considerou que a localização deste ataque “doente e depravado” não foi uma coincidência, sublinhando que o Parlamento é o local da democracia, da liberdade e da lei.

Português ferido já teve alta
Entre os feridos encontra-se um jovem português. O homem foi atropelado, sofrendo cortes profundos num joelho e numa mão, mas já teve alta hospitalar e encontra-se bem.

O jovem, de 26 anos, foi atropelado quando atravessava a rua para apanhar o Metro e rebolou por cima do capô, relatou José Luís Carneiro à agência Lusa.

O português, que vive em Londres com a mãe, sofreu "dois cortes profundos, um no joelho e outro numa mão", tendo sido assistido no hospital de Chelsea-Westminster.

O secretário de Estado, que se encontra em viagem oficial a Macau, indicou que a consul-geral portuguesa em Londres esteve no hospital com o jovem e com a mãe, mas acrescentou que esta família não necessita de apoio adicional do Estado português.

"Os nossos serviços consulares continuam a acompanhar o processo de identificação de vítimas, nomeadamente dos feridos, para verificar se há ou não qualquer outro português envolvido. O nosso acompanhamento é total", sublinhou José Luís Carneiro.
Mundo expressa solidariedade
Na sequência do ataque, o Reino Unido recebeu votos de solidariedade um pouco de todo o globo.

O Presidente dos Estados Unidos ofereceu todo o apoio que for preciso à primeira-ministra britânica, enquanto a chanceler alemã se mostrou chocada com este novo ataque.

O Presidente francês também já se pronunciou, lembrando os atos terroristas recentes que afetaram o seu país e defendendo que o combate passa pela cooperação europeia.

A diplomacia russa apresentou também condolências aos londrinos. “Não apoiamos nem nunca apoiaremos o terrorismo. Consideramos que este é um mal ao qual é necessário resistir coletivamente”, afirmou a porta-voz Maria Zakharova.

O primeiro-ministro turco apontou que o “terrorismo é uma catástrofe mundial que todos os países deveriam combater”. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Ancara sublinhou que a Turquia “sofreu vários ataques semelhantes” e partilha “a dor do Reino Unido e do seu povo”.

Em nome da República Portuguesa, o primeiro-ministro António Costa defendeu que este atentado enfatiza a necessidade de a Europa se apresentar unida no combate à ameaça terrorista.

Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que Lisboa está solidária com o povo britânico e recordou os valores da paz, da liberdade e da democracia.

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