O Ministério da Reintegração da Ucrânia reportou, na terça-feira, que um total de 19.514 crianças ucranianas foram ilegalmente deportadas pela Rússia, ao passo que 4.390 estão nos territórios ocupados. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, pediu aos russos que não adotassem crianças que, nas suas palavras, foram "roubadas".
Dados de Kiev. Quase 20 mil crianças ucranianas deportadas pela Rússia
“Os dados recolhidos serão usados por investigadores ucranianos e internacionais para processar os responsáveis pela deportação ilegal de crianças ucranianas", escreveu o Ministério na rede social Telegram.
Na terça-feira, Iryna Vereschuk, que também é ministra da Reintegração dos Territórios Ocupados Temporariamente, escreveu no Telegram que 4.390 crianças ucranianas de estabelecimentos especiais ainda permanecem nos territórios temporariamente ocupados pela Rússia."Refiro-me a estudantes de estabelecimentos especializados para crianças - órfãos e crianças privadas de cuidados parentais", disse Vereschuk.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão no início de março contra Vladimir Putin e Maria Lvova-Belova, comissária russa para os direitos da criança, pelo crime de guerra de deportar ilegalmente centenas de crianças da Ucrânia.
"Enviamos todo a informação disponível para o Tribunal Penal Internacional, que também investiga estes crimes. Foram recolhidas provas suficientes. Esperamos que os nossos esforços e pressão da comunidade internacional permitam acelerar o processo de devolução dos nossos filhos", acrescentou.
Segundo Vereschuk, as crianças foram "roubadas na Ucrânia" e supostamente dados para adoção na Rússia.
"Apelo a que os cidadãos russos não adotem órfãos ucranianos que foram retirados ilegalmente dos territórios temporariamente ocupados da Ucrânia", disse ainda a ministra. "Mais uma vez, lembro a todos os considerados pais adotivos e tutores russos: mais cedo ou mais tarde vocês terão que responder”.
Deportações ilegais
O Ministério da Defesa da Rússia disse, em agosto do ano passado, que 3,5 milhões de pessoas tinham sido levadas para a Rússia, incluindo mais de meio milhão de crianças. E já em julho, os Estados Unidos tinham dado conta que a Rússia "deportou à força" 260 mil crianças.
Na semana passada, a Ucrânia afirmou que Moscovo tem bloqueado "de forma repetida" o retorno de menores ucranianos, depois de terem sido deportados para território russo, isto apesar de admitir ter recebido sinais de que a Rússia poderia começar a devolver as crianças, segundo relatou a agência ucraniana Ukrinform.
Na altura, a ministra apelou a que as autoridades russas fornecessem “imediatamente ao lado ucraniano as listas de todos os órfãos e crianças privadas de cuidados parentais”.
A Rússia garantiu que 56 crianças ucranianas, internadas em centros para menores na Crimeia e em Krasnodar, estão preparadas para regressar para junto das famílias.
Os dados foram divulgados poucos dias depois de o Tribunal Penal Internacional ter emitido um mandado de prisão contra o Presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária presidencial para os direitos da criança da Rússia, Maria Alekseievna Lvova-Belovapor, por supostos crimes de guerra relacionados com a deportação forçada de menores ucranianos.
c/ agências