EUA: antigo líder da Mafia assassinado na prisão

por RTP
Reuters

James “Whitey” Bulger, um dos mais famosos líderes da Mafia de Boston nos anos 70 e 80 foi encontrado morto dentro da sua cela, numa prisão no Estado da Virgínia. Bulger foi preso em 2013 depois de ter estado 16 anos em fuga. A sua história inspirou o mafioso interpretado por Jack Nicholson no filme “The Departed” de Martin Scorsese.

New York Times dedicou, esta quarta-feira, um extenso artigo à notícia da morte de um dos criminosos mais temidos nos Estados Unidos durante quase duas décadas. O jornal refere que dois funcionários prisionais, que falaram ao jornal na condição de anonimato, revelaram que Bulger tinha sido esmurrado “ao ponto de ter ficado irreconhecível”, pouco depois de ter chegado à prisão.

O antigo chefe da Mafia andava a ser transferido de prisão em prisão há vários anos. No dia seguinte à sua chegada à prisão federal penitenciária Hazelton, na Virginia, terá sido atacado por outros reclusos.

Um dos funcionários revelou que os primeiros indícios apontavam para a responsabilização de dois prisioneiros que “estariam filiados num dos grupos criminosos” para os quais Bulger trabalhou. Whitey Bulger, como era conhecido popularmente, estava a cumprir duas sentenças perpétuas pelo homicídio de onze pessoas.

O New York Times escreveu no mesmo artigo que, antes de serem revelados detalhes da sua atividade criminosa, Whitey Bulger era visto pela comunidade do sul de Boston como um “Robin Hood irlandês”.

Mas tais noções românticas foram rapidamente destruidas assim que os detalhes da sua atividade criminosa foram sendo revelados pelas autoridades, jornais e julgamentos. Pensa-se, também, que a sua morte pode estar ligada ao facto de Whitey Bulger ter sido um informador do FBI durante 15 anos, algo que, depois de ter vindo a público, o tornou um dos criminosos com mais inimigos no continente norte-americano.

Este acordo com o FBI resultou em quase duas décadas de atividade criminosa sem consequências graves para Bulger. As autoridades consideravam essencial a informação que este revelava sobre a Mafia e viraram as costas aos crimes de Whitey Bulger.

Segundo mais tarde revelou o governo dos Estados Unidos, para além de ter comprado vários agentes federais, Whitey pôde, graças a esse acordo, esconder dezanove assassinatos, ficar a saber a identidade de outras testemunhas que, mais tarde, apareceram mortas e até culpar um homem inocente por um homicídio que ele próprio tinha cometido. A facilidade com que Whitey conseguia manipular as forças policiais levou à “reavaliação das regras para lidar com informadores”, diz o New York Times.
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