EUA. Divulgado vídeo da morte de afro-americano espancado por polícias

por Lusa

O vídeo que mostra cinco polícias a espancar um afro-americano em Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, foi hoje divulgado, um dia depois de terem sido acusados por homicídio.

As imagens mostram Tyre Nichols a ser agredido pelos polícias negros e a gritar pela sua mãe enquanto era espancado durante três minutos.

Tyre Nichols, de 29 anos, era funcionário da empresa expressa de correspondência FedEx.

A equipa jurídica da família Nichols comparou o ataque à infame agressão policial de 1991 contra o motorista Rodney King, em Los Angeles, na Califórnia.

Cidades de todo o país preparam-se para realizar manifestações. A família de Nichols pediu aos apoiantes que protestassem de forma pacífica.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, prometeu sexta-feira que a morte do jovem afro-americano ia ser investigada.

Cinco ex-agentes estão sob custódia e enfrentam várias acusações criminais por espancar Nichols até à morte, após ter sido preso em 07 de janeiro por uma alegada infração de trânsito.

Garland explicou em conferência de imprensa que não viu o vídeo da agressão, mas que foi informado sobre o seu conteúdo, que é "profundamente perturbador", e expressou as suas condolências à família da vítima.

O líder do Departamento de Justiça norte-americana lembrou que o procurador do Tennessee reuniu-se com a família e que foi aberta uma investigação sobre o ocorrido, com as autoridades federais, estaduais e locais a trabalharem em coordenação.

Por sua vez, o diretor do FBI, Christopher Wray, confirmou ter visto o vídeo e disse estar "chocado" com as imagens.

Wray explicou que o FBI está a trabalhar com o Departamento de Justiça na investigação já aberta, que será feita "profissionalmente".

Também afirmou que as expressões de raiva que podem ocorrer como resultado da publicação do vídeo não são acompanhadas de violência.

O vídeo será divulgado hoje.

O advogado da família, Bem Crump, disse pouco depois em conferência de imprensa as acusações contra os cinco detidos, incluindo homicídio em segundo grau, cuja pena no Tennessee pode chegar aos 60 anos de prisão.

Crump também desejou que a celeridade em retirar os policiais da corporação e logo depois processá-los -- o crime ocorreu há apenas algumas semanas -- sirva de "modelo" para futuros casos em que haja indícios claros de abuso da polícia.

O advogado explicou que, no vídeo da polícia, Nichols liga para mãe até três vezes.

"Foram as suas últimas palavras nesta terra", disse Crump, olhando para a esquerda, onde estava a mulher.

O padrasto de Nichols, que se disse satisfeito com as acusações, embora reconheça que pediu a acusação de homicídio de primeiro grau, enfatizou que a família quer "paz" e pediu que não sejam gerados motins nos eventuais protestos.

"Ele sempre disse que seria famoso um dia", disse a mãe RowVaugh Wells, enquanto chorava.

Wells, que reconheceu não ter conseguido ver o vídeo, alertou que as imagens são muito desagradáveis e pediu que não fossem mostradas a crianças.

E sobre os cinco ex-polícias que o mataram, afirmou que "vai rezar por eles", pois "nada disso deveria ter acontecido".

"Nenhuma mãe deveria passar pelo que estou a passar", concluiu.

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