Furacão Ian deixa toda a ilha de Cuba sem eletricidade e ameaça deixar rasto de destruição na Florida

por RTP
O furacão Ian deixou Cuba sem luz e mergulhada num cenário de destruição Yander Zamora - EPA

O furacão Ian segue em direção ao Estado norte-americano da Florida após passar por Cuba, onde deixou 11,2 milhões de habitantes sem eletricidade, na noite de terça-feira, devido a "uma avaria", e de atingir o extremo oeste da ilha e destruir algumas plantações de tabaco.

Em comunicado, a empresa Unión Elétrica (UNE) disse que a rede nacional cubana "está numa situação excecional: geração zero de eletricidade (sem fornecimento de eletricidade no país)". Embora a ligação ainda não tenha sido reposta, já estão a decorrer os esforços para que, gradualmente, o serviço seja restaurado. Inicialmente, a energia foi cortada a um milhão de pessoas, nas províncias ocidentais do país, mas depois toda a rede “entrou em colapso”.

De acordo com o jornal oficial Juventud Rebelde, a falha ocorreu às 17h57 (22h57 em Lisboa), após a central termoelétrica Antonio Guiteras, uma das maiores do país, "ter saído de rede".

"Atualmente, está-se a trabalhar de forma contínua para retomar a ligação à rede. Os trabalhos prolongar-se-ão (...) até à madrugada" de hoje, garantiu Lázaro Guerra, diretor técnico da UNE.

Com sede em Matanzas, a 100 quilómetros a leste da capital Havana, a Antonio Guiteras é a central de energia mais importante de Cuba, o que significa que atualmente não há geração de eletricidade em nenhum local da ilha. Segundo o Ministério da Energia e Minas cubano, que tem a tutela da UNE, a falha está "nas ligações oeste, centro e leste" e que "a solução exige grande precisão".

Cuba estava já a atravessar uma crise energética, uma vez que, da capacidade total de geração do país de 3.000 megawatts (MW), apenas 1.824 estavam em funcionamento.
Furacão deixa rasto de destruição
O furacão Ian atingiu, nas últimas horas, o país que já estava a enfrentar uma crise económica e frequentes quedas de energia, com uma tempestade de categoria 3 no extremo oeste da ilha. Até agora as autoridades declararam inundações e algumas habitações. E, na província de Pinar del Río, os estragos foram maiores nas plantações de tabaco, próprias para o cultivo do típico charuto de Cuba.

“Foi apocalíptico, um verdadeiro desastre”, disse Hirochi Robaina, dono de uma fazenda internacionalmente conhecida, à comunicação social local.

De acordo com o Instituto de Meteorologia de Cuba, a cidade de Pinar del Río esteve no coração do furacão durante cerca de uma hora e meia. As autoridades criaram, entretanto, mais de 50 abrigos, retiraram mais de 50 mil pessoas das suas habitações e tomaram medidas para proteger as plantações.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) disse que Cuba sofreu "impactos significativos" de tempestades e ventos sustentados de 205 quilómetros por hora. A televisão TelePinar, detida pelo governo local, confirmou danos significativos no principal hospital da cidade de Pinar del Rio. Não foi até ao momento noticiada qualquer morte.

Na capital cubana, onde vivem 2,1 milhões de pessoas, duas casas desabaram parcialmente, segundo Alexis Acosta, administrador do bairro histórico de Havana.
Destruição a caminho da Florida
O NHC disse esperar que o furacão Ian ganhe ainda mais força sobre as águas quentes do Golfo do México antes de chegar esta quarta-feira, com ventos de 209 quilómetros por hora, à Florida, onde as autoridades obrigaram 2,5 milhões de pessoas a sair de suas casas. A população está a preparar-se para possíveis inundações e ventos forte que ameaçam a região, à medida que a tempestade se aproxima e, segundo as previsões, se deve intensificar.

O governador da Florida, Ron DeSantis, declarou o estado de emergência e mobilizou cinco mil soldados da Guarda Nacional do Estado da Florida, com outros dois mil de prontidão nos estados vizinhos. O presidente dos EUA, Joe Biden, também declarou o estado de emergência, autorizando o Departamento de Segurança Interna e a Agência Federal de Gestão de Emergências a coordenar o socorro a desastres e fornecer assistência para proteger vidas e propriedade.

A NASA decidiu deslocar o foguete lunar da plataforma de lançamento para o hangar do Centro Espacial Kennedy, adicionando semanas de atraso ao voo de teste.

A região de Tampa Bay, onde vivem mais de três milhões de pessoas, está entre as regiões mais vulneráveis dos Estados Unidos para inundações severas. As previsões apontam para que o furacão Ian seja o de maior impacto na Florida desde 1921.

“Foi há cerca de 100 anos que Tampa foi atingida com grande impacto. A região tem tido sorte há muito tempo”, afirmou à Reuters Erik Salna, diretor associado do International Hurricane Research Center.

A baixa altitude, o aumento do nível do mar e a grande mancha populacional são fatores de risco para uma “catástrofe” na região, explicou Salna. Se for atingida diretamente pelo furacão Ian, esta zona pode “ficar irreconhecível” nos próximos dias e “há esse risco”.

Atualmente, o furacão é uma tempestade de categoria 3, com ventos até 195 quilómetros horas, mas prevê-se que ganhe força à medida que se move para o norte da Florida, quando passar pelas águas quentes do Golfo do México.

c/ agências
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