Grupo hacker português reivindica ataque a 61 sites do Brasil este ano

por Lusa
O hacker português tentou derrubar o sistema das eleições municipais brasileiras Kacper Pempel/Reuters

O grupo do "hacker" português que assumiu publicamente o recente ataque cibernético ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil admitiu ter invadido 61 "sites" brasileiros este ano, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

O grupo denominado "CyberTeam", e que é liderado pelo pirata informático português conhecido como "Zambrius", admitiu ter atacado este ano pelo menos 61 páginas da internet com o domínio ".br". - que indica o Brasil como país de origem-, e que, desde 2017, o número de "sites" invadidos ascende a 140.

Entre os ataques cibernéticos, o grupo também reivindicou a invasão de portais eletrónicos do Ministério da Saúde brasileiro, que inviabilizou a correta divulgação de dados sobre a pandemia de covid-19 no país durante algumas semanas.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, figuram entre as vítimas dos ataques várias prefeituras, câmaras, pequenas empresas, escritórios de advocacia e um departamento de trânsito.

Em declarações ao mesmo jornal na semana passada, o alegado pirata informático, de 19 anos e que se identifica na internet com o pseudónimo "Zambrius", afirmou que agiu sozinho, em Portugal, munido apenas de um telemóvel porque estava sem acesso a um computador.

"Estou sem computador. Se o tivesse, acredite que o ataque teria um impacto muito maior", disse o pirata informático, que se encontra em prisão domiciliária em Portugal, acrescentando que se dedica a explorar a vulnerabilidades dos sistemas informáticos.

Detalhes do ataque às eleições municipais brasileiras

No dia da eleição municipal, no último dia 15, a Polícia Federal do Brasil já havia identificado Portugal como a origem de um dos ataques ao sistema informático do TSE, ocorrido antes de 23 de outubro, e que, segundo as autoridades, não afetou as eleições municipais no domingo.

"Foi um vazamento (de informações) sem nenhuma relevância e sem qualquer importância para o processo eleitoral (...) Este ataque aparentemente teve a sua origem em Portugal e, sempre lembrando, as urnas (eletrónicas) não estão em rede (conectadas à internet), portanto, não estão vulneráveis a nenhum tipo de ataque durante o processo eleitoral", disse no domingo da eleição o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso.

Pouco depois das 10h00 de domingo (horário de Brasília, 13h00 em Lisboa), os sistemas informáticos do TSE voltaram a ser atacados numa outra ação, que teve origem no Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia.

"Houve de facto uma tentativa de ataque hoje (domingo, dia das autárquicas), com uma quantidade de acessos massivos para tentar derrubar o sistema. Este ataque foi neutralizado e não produziu nenhum tipo de impacto", disse Barroso na ocasião.

As investigações do caso estão a ser conduzidas pelo Ministério Público Federal do Brasil e pelo próprio TSE.
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