Guiné-Bissau preocupada com erosão costeira e excesso de plástico nas águas

por Lusa
Viriato Cassamá está preocupado com as vulnerabilidades ambientais da Guiné-Bissau RTP

O ministro do Ambiente guineense mostrou-se preocupado com a erosão costeira e a poluição de plástico nas águas territoriais do país, que tem sofrido, à semelhança de outros, os "grandes impactos" da ação humana nos oceanos.

"A Guiné-Bissau não foge à regra dos grandes impactos que a ação antrópica tem provocado no meio marinho, oceânico. Temos a problemática da sobrepesca, temos a problemática do derrame de hidrocarbonetos, o país não está preparado para lutar contra isso, também tem sofrido grandemente com a poluição plástica", afirmou, em entrevista à Lusa, Viriato Cassamá.

Segundo o ministro, o país tem estado a preparar-se para os "futuros e atuais desafios" nos oceanos.

Viriato Cassamá vai integrar, juntamente com o ministro das Pescas e uma equipa técnica, a delegação da Guiné-Bissau, liderada pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, que vai participar na segunda Conferência dos Oceanos, que se realiza entre o próximo dia 27 e 1 de julho, em Lisboa.

O evento é organizado pelas Nações Unidas em conjunto com Portugal e o Quénia.

Questionado sobre o problema da erosão costeira, principalmente no norte do país, Viriato Cassamá disse que têm sido implementados projetos, com apoio da solidariedade internacional, para a tentar estancar.

"É verdade que a nossa zona norte, concretamente a zona de Varela, tem sofrido com esta erosão costeira, mas o país não tem capacidade tanto técnica, tecnológica, como financeira, de fazer face a estes fenómenos", afirmou.

O ministro explicou que com o apoio internacional foi implementado um projeto de adaptação às alterações climáticas naquela zona e que agora há um outro, de "grande dimensão", que visa essencialmente reforçar a resiliência das comunidades costeiras face ao avanço das águas do mar.

"A população daquela zona é tributária da agricultura, da criação de gado e da pesca, mas com o aumento da erosão costeira, a comunidade tem estado a sofrer bastante e o país tem estado, mesmo com recursos internos, a fazer esforços para que possamos lutar a curto e médio prazo contra os impactos desta erosão costeira nas comunidades", salientou.

O impacto da subida da água do mar também se tem feito sentir no arquipélago dos Bijagós.

"As ilhas são de origem sedimentar, são ilhas muito frágeis, qualquer aumento do nível do mar sente-se. A Guiné-Bissau é um país muito baixo e situa-se a menos de cinco metros do nível médio das águas do mar e com qualquer subida, a zona costeira continental e ilhas sentem", afirmou.

O ministro disse que o fenómeno é agravado com o corte "indiscriminado e abusivo do mangal", que funciona como uma proteção natural contra subida do nível médio da água do mar, mas também contra a erosão costeira. O mangal tem também um "papel na criação de recursos haliêuticos".

"As ilhas têm estado a sofrer não só com a subida das águas do mar, mas também no acesso à água. Tem havido muito dificuldade no acesso água para consumo humano nas ilhas", alertou o ministro.

Dificuldades em gerir recursos pesqueiros

Viriato Cassamá, admitiu também que o país tem dificuldades na fiscalização do mar para proteger uma das zonas mais produtivas em recursos pesqueiros.

É um grande desafio. A natureza deu-nos tudo. O nosso mar situa-se na zona do ‘upwelling’ mundial, as correntes frias das Canárias e as quentes do Golfo da Guiné encontram-se principalmente na nossa zona costeira e por isso a costa da Guiné-Bissau é uma das zonas mais produtivas em termos de recursos haliêuticos”, afirmou.

Mas, explicou o ministro, o país tem “grande dificuldade em termos de fiscalização, porque para proteger os nossos recursos precisamos de capacidade técnica, financeira, mas também científica”.

Precisamos de uma base de dados robusta em termos de produção de recursos haliêuticos para, na verdade, planificarmos e gerirmos os recursos. Temos fraca capacidade de fiscalização dos mares, fraca capacidade científica de reconhecer os recursos, apesar do esforço em conjunto com parceiros internacionais”, salientou.

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