Há um Trump em nova polémica no Twitter, mas desta vez é o Donald Júnior

por RTP
Rick Wilking, Reuters

O presidente americano Donald Trump é bem conhecido pelo grande amor que tem à rede social Twitter, de que não prescinde a nenhuma hora do dia ou da noite. A incontinência do presidente parece ser património genético que passou integralmente ao filho mais velho. Donald Trump Jr. resolveu esta quinta-feira atacar Sadiq Khan, o mayor (presidente da câmara) de Londres, a propósito de uma declaração de há meio ano sobre a ameaça terrorista nas grandes cidades.

Em Setembro passado, uns dias após os ataques à bomba em Nova Iorque, Sadiq Khan referia-se à ameaça terrorista como uma quase inevitabilidade das grandes metrópoles ocidentais. O aviso do mayor de Londres continha uma recomendação aos londrinos para que mantivessem uma vigilância face à ameaça latente desse tipo de ataques.

A capital britânica tem no seu currículo vários ataques terroristas anteriores ao desta quinta-feira na zona de Westminster, junto ao Parlamento. Os mais graves aconteceram em 2005, quando vários engenhos explosivos foram espoletados no metro e na rede de autocarros, fazendo 52 mortos e mais de 700 feridos.

Recém-eleito para a liderança da capital londrina, Sadiq Khan tinha essa noção de que a cidade estaria naturalmente exposta a ataques de extremistas islâmicos da mesma natureza que apenas dois meses depois da sua eleição tinham abalado Bruxelas. Um cenário que em outras alturas já havia devastado a vida de outras capitais europeias: Madrid (Março de 2014), Paris (em Janeiro e Novembro de 2015), Berlim ou Zurique.

Num tuite que originou fortes críticas, o filho mais velho do presidente Donald Trump questionava ontem as declarações de Khan sobre os novos problemas de segurança das grandes metrópoles.


A reacção de Donald Trump Jr. surgiu na rede no momento em que as forças de segurança britânicas procuravam ainda neutralizar eventuais novas acções terroristas em pleno coração de Londres.

O tuite gerou milhares de respostas, algumas questionando o herdeiro do presidente sobre se tinha lido o artigo que reproduzia as declarações de Sadiq Khan, se se tinha dado conta de que essas declarações tinham já seis meses.

Esta quinta-feira o atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Nas últimas horas, a polícia britânica desencadeou várias operações de busca e foram detidas oito pessoas. O balanço do ataque de Westminster aponta para quatro mortos, incluindo dois civis e um polícia. Os civis são uma mulher de 43 anos e um homem a rondar os cinquenta anos.

A mulher foi identificada como Aysha Frade, professora britânica de mãe espanhola, da Galiza, e com dois filhos de sete e nove anos. Há informações de que era casada com um português. Cerca de 40 pessoas ficaram feridas no ataque e 29 tiveram de ser hospitalizadas. Sete estão em "estado crítico". As vítimas do ataque incluem 12 britânicos, um irlandês, crianças francesas, dois romenos, quatro sul-coreanos, um alemão, um polaco, um chinês, um americano e dois gregos.

O mayor de Londres agradeceu entretanto em nome de todos os habitantes da capital a resposta da polícia e dos serviços de emergência. Khan avisou ainda os londrinos e os turistas para esperarem ver mais agentes fardados nas ruas, para manter a segurança, salvaguardando no entanto que não há razões para alarme: “A nossa cidade continua a ser uma das mais seguras do mundo”, sublinhou.

Fazendo eco das palavras de Sadiq Khan, a primeira-ministra Theresa May indicou no Parlamento que a segurança foi reforçada em todo o país como medida de precaução, garantindo no entanto que “o Reino Unido não será amedrontado com este ataque”.
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